Política
10/06/2018 12:32

Tendências/Cortez: Marina e Alckmin devem disputar espaço e Bolsonaro aproxima-se do teto


São Paulo, 10/06/2018 - A ex-senadora Marina Silva (Rede) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) tendem a protagonizar um dos principais embates durante a campanha, para chegar até o segundo turno das eleições presidenciais. Nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina é destaque da segunda etapa do processo eleitoral, conforme a pesquisa de intenção de voto do Datafolha divulgada nesta madrugada, mas tem potencial para recuar por falta de estrutura partidária. Em contrapartida, fatores como o tempo de TV podem fazer com que o tucano avance. Além disso, o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que figura tanto entre as preferências quanto nas rejeições, pode estar perto do teto de eleitores que seguem seu discurso. A avaliação foi dada ao Broadcast pelo cientista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez.

Segundo o Datafolha, o petista Lula ainda aparece na liderança do primeiro turno, com 30% das intenções de voto, e do segundo com até 49%, contra Alckmin e contra Bolsonaro. Porém, Cortez afirma que o mercado já incorporou o fato de que o ex-presidente não participará da disputa. Lula foi condenado e está preso há dois meses na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR), e sua candidatura depende da permissão da justiça.

Com a ausência de Lula, Marina Silva ficaria com 15% dos votos no primeiro turno e saltaria para 42% nos cenários contra Bolsonaro ou ante Alckmin em um eventual segundo turno. "A pesquisa, neste momento, reforça esse quadro positivo para a Marina por ela ter uma ampla taxa de conhecimento, enquanto candidata. Ela já disputou eleições presidenciais anteriores e, por isso, carrega um recall interessante", explica o cientista da Tendências.

À medida que a campanha se intensifique, o simples fato da ambientalista já ter concorrido ao Planalto pode deixar de ser um critério para o eleitor. "Ainda não significa que os eleitores que colocaram suas intenções nela hoje chegarão a confirmar isso no voto. Marina tem pouco tempo de TV e vai encontrar dificuldades para manter o patamar em que está nas pesquisas", ressalta Cortez. Para o especialista, o principal desafio da ex-senadora é atravessar o primeiro turno, uma vez que isso aconteça, ela se torna muito competitiva na segunda etapa. O fato da ex-senadora não estar associada a nenhum escândalo de corrupção é um dos pontos positivos para o eleitor.

Assim como Marina, Alckmin também já concorreu pela Presidência e carrega consigo votos já consolidados. No entanto, o tucano ainda está com 7% das intenções no primeiro turno e só venceria um segundo turno, com 36%, na hipótese do PT colocar o ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad no lugar de Lula. Mas dentre todos os postulantes, "o maior potencial para crescer na campanha formal é de Geraldo Alckmin, caso ele tenha tempo de TV superior ao de seus adversários e consiga alianças com partidos que lhe rendam palanques", estima o especialista da Tendências.

Um cenário de coligações é o mais provável, porém, Cortez ressalta que "esta engenharia ainda não está formada". Como ponto negativo, Alckmin tem a associação do partido aos escândalos de corrupção envolvendo o senador Aécio Neves (PSDB).

Na ala mais à direita, Bolsonaro conta com 19% dos votos no primeiro turno e ficaria em um empate técnico contra Alckmin ou Ciro Gomes (PDT) no segundo turno, vencendo apenas de Haddad por 36%, conforme o Datafolha. Em paralelo, a taxa de rejeição ao deputado é de 32%, atrás de Fernando Collor (PTC) e de Lula. Diante deste paradoxo, Cortez acredita que Bolsonaro "começa a chegar ao limite dos eleitores que pode conquistar mantendo seu atual discurso" mais extremista. Entretanto, "a simples manutenção do atual patamar de intenções de voto tem potencial para o levar até o segundo turno".

Ainda entre os destaques da pesquisa Datafolha, Ciro Gomes chegaria aos 10% dos votos no primeiro turno, empatando tecnicamente com Alckmin ou Bolsonaro no segundo, ou sairia vitorioso contra Haddad, por 38%. "Ciro herda os votos que seriam do ex-presidente Lula, como o nome da esquerda. O que se tornará determinante para ele é o papel que o PT assumirá nas eleições. Um eventual apoio do PT o colocaria no segundo turno, mas sem os petistas, as chances de Ciro diminuem", projeta Cortez.

Indecisos
Os votos brancos e nulos continuam em patamares altos em todos os cenários pesquisados e, na análise do cientista da Tendências, estes eleitores são o objetivo de disputa de todos os postulantes. "Em algum momento, esse patamar de indecisos tende a diminuir. Eles podem beneficiar os primeiros colocados no primeiro turno e aumentar as chances de Alckmin ou de Bolsonaro no segundo, a depender do tempo de TV", comenta Cortez.

A nova pesquisa Datafolha, realizada nos dias 6 (quarta-feira) e 7 (quinta-feira), teve como base 2.824 entrevistas em 174 municípios em todos os Estados do País, incluindo Distrito Federal. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no TSE sob número BR-05110/2018. (Nayara Figueiredo, nayara.figueiredo@estadao.com)
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