Política
09/02/2018 12:32

Cidadão está cansado da ineficiência de serviços públicos, diz Cármen Lúcia


Formosa (GO), 09/02/2018 - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, disse durante a inauguração do novo presídio de Formosa, no interior de Goiás, que as instituições devem acentuar o empenho para que medidas como as que vêm sendo tomadas recentemente no Estado melhorem a situação dos presídios e da segurança dos brasileiros. "O Brasil vive condições precaríssimas do sistema prisional", disse a ministra. Cármen destacou que o cidadão está cansado de "tanta ineficiência" dos serviços públicos e "cansado inclusive de nós do Sistema Judiciário".

A cerimônia de inauguração do presídio começou por volta das 8h, com uma visita de Cármen ao local, acompanhada do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). O Estado terá cinco presídios de segurança máxima, alguns para abrigar facções do crime organizado. "Boa parte dos recursos já está assegurada para que as obras sejam iniciadas imediatamente", disse o governador.

Na solenidade, Perillo ainda disse que Cármen será informada "dos muitos avanços" e do cumprimento de uma "boa agenda" feitos desde a ida da ministra à Goiânia, quando se reuniu com o governador e autoridades do Judiciário sete dias após um confronto entre detentos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, que deixou nove mortos. A inauguração de hoje marca um mês deste encontro.

Cármen Lúcia deve receber essas informações quando irá hoje, às 11h, ao Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) para a segunda reunião da força-tarefa criada para discutir a crise do sistema prisional goiano.

O governador ainda disse que o Cadeião de Formosa será imediatamente desativado. Todos os 110 presos que estão lá serão transferidos para o novo presídio. O vice-governador do Estado, José Eliton (PSDB), contou que o processo estratégico de transferência das vagas de outras cidades, como de Goiânia, ainda será definido, e não deve demorar.

Esperança. Por cerca de cinco minutos, Cármen falou aos presentes enfatizando a necessidade de continuar com esforços para melhorar a situação penitenciária do Brasil. "O cidadão brasileiro está cansado da ineficiência de todos nós, e cansado inclusive de nós do Sistema Judiciário. Por mais que tentemos, e estamos tentando com certeza, temos um débito enorme", afirmou a ministra.

Cármen destacou que a população espera poder voltar a confiar nas instituições, e citou Gilberto Gil ao finalizar a fala: "A fé não costuma falhar".

O evento também contou os pronunciamentos do vice José Eliton e do diretor-geral de Administração Penitenciária, coronel Edson Costa. Os dois e o governador, além de Cármen, discursaram na solenidade de abertura. Também estavam presentes autoridades locais, membros do CNJ e do STF, e o presidente TJ-GO, desembargador Gilberto Marques Filho.

Presídio. O presídio de Formosa é o primeiro de cinco que serão abertos no Estado, que devem acrescentar 1588 vagas ao sistema prisional de Goiás, segundo a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária do Estado. O próximo será inaugurado em Anápolis, no dia 16 fevereiro, também com capacidade para abrigar 300 presos.

Planaltina, Águas Lindas de Novo Gama são as outras cidades do Estado prestes a receber novas instalações prisionais. Segundo Perillo, todos serão entregues este ano. De acordo com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária, os investimentos foram na ordem de R$ 110 milhões.

Durante a visita em Formosa, acompanhada por representantes e autoridades da cidade, do Estado, do CNJ e do STF, Cármen ouviu a confirmação de Perillo de que a capacidade do novo presídio será respeitada. "Temos o compromisso, 300 vagas são 300 vagas", disse o governador.

Facções. Durante seu discurso, Perillo afirmou que o governo está deliberando uma regionalização de todo o sistema de execução penal do Estado, pensado junto do presidente do TJ de Goiás e outras autoridades regionais. Segundo ele, quatro dos presídios de segurança máxima irão abrir facções do crime organizado.

Sobre o local de regime semiaberto no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde ocorreu a rebelião que deixou nove mortos no início do ano, o vice-governador destacou que a construção será demolida, e substituída por uma nova, em outro espaço.

Cármen e Perillo seguiram para Goiânia, onde devem cumprir dois compromissos. Às 10h, participam de uma ato de destruição de armas apreendidas na sede do Exército. Depois, seguem para o TJ-GO para a segunda reunião da força-tarefa criada para discutir a crise do sistema prisional no Estado. (Amanda Pupo, enviada especial)
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