Política
17/02/2019 14:26

A aliados, Bebianno diz que e sai do governo, mas não vai cair sozinho


Brasília, 16/02/2019 - Primeira provável baixa do governo Jair Bolsonaro, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, disse a aliados que não deve cair sozinho. Ele recebeu indicações de que será exonerado do cargo na segunda-feira (18) e, até lá, deve se manter recluso e manter discrição. Depois disso, seu comportamento é uma incógnita, o que já preocupa a ala militar do governo.

A amigos, o ministro disse que teria sido mais honroso se Bolsonaro tivesse sido claro desde o início: que preferia deixá-lo fora do governo para não desagradar o filho (Carlos Bolsonaro), em vez de nomeá-lo à espera da primeira oportunidade para retirá-lo.

Bebianno passou a tarde recluso no hotel onde mora, em Brasília. A amigos com quem conversou ao longo deste sábado, deixou claro a mágoa com Bolsonaro e o rancor em relação ao filho do presidente, Carlos. Ele considerou uma covardia o fato de que o presidente não o demitiu pessoalmente e avaliou ser inaceitável assumir um cargo em Itaipu, apesar do salário 3 vezes maior - o salário anual como diretor é de pouco mais de R$ 1 milhão. À pessoas próximas, disse que não veio para o governo para ganhar dinheiro e que será leal até o último minuto em que permanecer ministro - período que deve se encerrar em menos de 48 horas.

Nas conversas, Bebianno tem avisado que não vai cair sozinho. Interlocutores consideram que ele fez referência a Carlos, pois tanto a ala política quanto a ala militar do governo estão decididas a afastar e reduzir a influência do vereador da Presidência da República. Enigmático, Bebianno não deixou claro se também se refere a outros membros do governo.

De fato, nos últimos dias o vereador tem sido mais comedido nas postagens em redes sociais, como Twitter e Instagram. No sábado, ele compartilhou mensagens institucionais do governo federal e assuntos do Rio de Janeiro, como o “monopólio” de marcas de cerveja em blocos de carnaval na cidade. Ele também chegou a elogiar o vice-presidente Hamilton Mourão e assinou petição para oferecer a medalha Pedro Ennesto para o “grande general”, um de seus desafetos no Twitter.

Em relação a Carlos, o rancor tem sido explícito, dizem interlocutores. Bebianno teria dito que o considera desequilibrado e um perigo para o presidente. A divulgação das conversas entre Bolsonaro e Bebianno por Carlos Bolsonaro foi considerada um desastre por políticos e militares do governo. Na avaliação de pessoas próximas a Bebianno, a atitude mostra que nenhum ministro pode confiar plenamente no presidente e que todos podem estar à mercê da fúria do vereador do Rio de Janeiro.

Interlocutores ponderam que Carlos já anunciou antes que se afastaria da gestão das redes sociais do presidente, mas voltou à função alguns dias depois. Os desentendimentos entre Bebianno e Carlos são antigos. Bebianno foi um dos únicos ministros que não foi anunciado pelo Twitter - o que, para aliados, seria mais uma demonstração de que a rede social do presidente é de fato administrada pelo vereador. Além disso, sua escolha para o cargo demorou semanas para ser anunciada, mesmo após a definição. (Anne Warth - anne.warth@estadao.com)
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