Política
13/11/2019 10:00

IBGE: Um a cada cinco negros que moram em zona rural ainda é analfabeto


Por Daniela Amorim

Rio, 13/11/2019 - Embora a escolarização venha avançando nos últimos anos, o País ainda tem um longo caminho a percorrer para reduzir as desigualdades raciais no campo da educação. Um em cada cinco negros que vivem em zonas rurais ainda é analfabeto, ou seja, está entre as pessoas com pelo menos 15 anos de idade que não sabem ler nem escrever. Os dados são do Estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de analfabetismo de pretos e pardos (9,1%) é mais que o dobro que a dos brancos (3,9%). Na zona rural, a taxa de analfabetismo de pretos e pardos sobe a 20,7%, contra 11,0% dos brancos. Mesmo em áreas urbanas o analfabetismo é mais de duas vezes maior entre negros: a taxa de analfabetismo de brancos é de 3,1%, enquanto a de pretos e pardos é de 6,8%.

A taxa ajustada de frequência escolar líquida - que frequentam a etapa escolar na idade adequada - mostra que as desigualdades raciais se aprofundam conforme avança o nível de ensino. Em 2018, havia uma pequena diferença entre as proporções de crianças de 6 a 10 anos de idade brancas e pretas ou pardas cursando os anos iniciais do ensino fundamental (96,5% e 95,8%, respectivamente). No entanto, a proporção de jovens de 18 a 24 anos de idade de cor branca que frequentavam ou já tinham terminado o ensino superior (36,1%) era quase o dobro da registrada entre os pretos ou pardos da mesma faixa etária (18,3%).

A desigualdade de escolarização persiste mesmo quando comparadas as populações brancas e pretas ou pardas por faixas de renda, incluindo a população mais abastada. Entre os 20% da população com maiores rendimentos per capita, a evasão escolar de jovens adultos com 18 a 24 anos era de 4,3% entre os brancos. Entre os negros nessa faixa etária, essa evasão subia a 7,6%.

“Mesmo quem está no quinto de maiores rendimentos, há desigualdade entre população branca e preta ou parda. Não é só questão de rendimento”, observou Luanda Botelho, analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.

A taxa de ingresso da população preta ou parda no nível superior (35,4%) é menor do que a da população branca (53,2%). O problema já está presente na etapa anterior: a taxa de conclusão do ensino médio da população preta ou parda (61,8%) é que a da população branca (76,8%).

Contato: daniela.amorim@estadao.com
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