Política
13/11/2019 10:01

IBGE: Apesar de alta proporção de candidaturas ao Legislativo, negro é menos eleito que branco


Por Daniela Amorim

Rio, 13/11/2019 - Embora correspondam a mais da metade dos habitantes do País, os brasileiros negros permanecem sub-representados no Poder Legislativo. Os pretos e pardos eram 55,9% da população, mas constituíam apenas 24,4% dos deputados federais e 28,9% dos deputados estaduais eleitos em 2018. Dos vereadores eleitos em 2016, apenas 42,1% eram pretos e pardos. Os dados são do Estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da baixa representatividade, a proporção era mais elevada entre as candidaturas de pessoas pretas ou pardas para os cargos de deputado federal (41,8%), deputado estadual (49,6%) e vereadores (48,7%) do que a de candidatos com esse perfil efetivamente eleitos.

“Assim, não é possível atribuir a sub-representação desse grupo populacional unicamente a uma ausência de candidaturas, pelo menos no que tange às eleições legislativas proporcionais de 2014 a 2018”, ressaltou o IBGE, em nota.

O estudo mostrou ainda a discrepância entre a receita das candidaturas de pessoas brancas e a de pessoas pretas ou pardas. Enquanto 9,7% das candidaturas de pessoas brancas a deputado federal dispuseram de receita igual ou superior a R$ 1 milhão, entre as candidaturas de pessoas pretas ou pardas, apenas 2,7% contaram com pelo menos esse valor.

“As candidaturas de pretos ou pardos são menos representativas entre candidaturas com mais recursos”, lembrou Luanda Botelho, analista da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.

Considerando todas as candidaturas que dispuseram de receita igual ou superior a R$ 1 milhão, apenas 16,2% eram de pessoas pretas ou pardas.

Segundo o IBGE, estudos sobre eleições no Brasil já mostraram que a escassez de recursos financeiros é um dos fatores que diminui as chances de sucesso eleitoral de uma candidatura.

“Outro elemento determinante para o sucesso seria o candidato já possuir cargo parlamentar, o que constitui, portanto, mais uma dificuldade para um grupo sub-representado reverter esse quadro”, acrescentou o instituto.

Contato: daniela.amorim@estadao.com
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