Política
12/12/2019 16:44

Vereador faz ofensa antissemita a colega judeu durante discussão na Câmara Municipal de SP


Por Bruno Ribeiro e Pedro Venceslau

São Paulo, 12/12/2019 - O vereador Daniel Annenberg (PSDB) decidiu fazer uma representação na Corregedoria da Câmara de São Paulo e deve registrar um boletim de ocorrência contra o colega Adilson Amadeu (DEM), que, na sessão desta quarta-feira, 11, no plenário da Casa, o chamou de “judeuzinho filho da p...”, enquanto os parlamentares decidiam se poriam ou não em votação um projeto de lei do democrata.

Annenberg, ex-secretário municipal de Inovação e Tecnologia da administração do prefeito Bruno Covas (PSDB) e ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), diz que já havia sido alvo de críticas de Amadeu, que é despachante e tem o reduto eleitoral entre os taxistas. O vereador do DEM de São Paulo queria pôr em votação projeto que impõe uma série de restrições a motoristas de aplicativos, como Uber e 99.

“Vou representar contra ele tanto dentro da Câmara quanto fora. Estou vendo quais as medidas, se uma (queixa) de injúria, queixa-crime. Inclusive junto com a comunidade (judaica)”, disse o vereador do PSDB de São Paulo. “É um absurdo a gente estar numa Casa dessa discutindo projetos, propostas, e ser agredido dessa forma”, afirmou. “Além de xingar, ele quis partir para cima, bater em mim.”

Amadeu pronunciou-se por nota, num pedido de desculpas “à comunidade judaica”, mas não a Annenberg. “Em uma sessão tensa que já durava quase oito horas, e após costurado um acordo na Casa para que fossem votados projetos de vereadores, eu tive divergências com o colega parlamentar por conta de um projeto de minha autoria, no qual trabalhei muito o ano todo para ser aprovado”, diz o texto.

“No calor da discussão, algo tão comum em votações polêmicas em plenário, eu realmente me excedi e, caso alguém tenha se sentido ofendido e ainda que não tenha sido uma fala generalizada, quero pedir minhas sinceras desculpas à comunidade judaica”, continua. “Aproveito este esclarecimento para deixar claro que, em nenhum momento, houve um ataque à cultura ou tradição judaicas, a quem sempre fiz questão de respeitar”, argumenta o vereador do DEM.

Ofensas de teor racial não são novidade nesta legislatura. Em setembro, o vereador Camilo Cristófaro (PSB) chamou o colega Fernando Holiday (DEM), do Movimento Brasil Livre (MBL), de “macaco de auditório”. Fernando Holiday, que é negro, disse ter sido alvo de racismo. Em nenhum caso, porém, a Corregedoria do Legislativo decidiu levar a plenário alguma punição. A reportagem tenta contato com o vereador Souza Santos (Republicanos), corregedor da Casa.
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Político e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso