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05/06/2020 17:49

Covid-19 e estoques de sangue baixos: o que fazer se não houver sangue disponível?


A Covid-19 recebeu a classificação de "pandemia" pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020 e tem levado ao colapso dos sistemas de saúde de países como Itália, Espanha, Irã e Estados Unidos. Infelizmente, há indicativos de que não será diferente no Brasil. Os cuidados médicos tornam-se difíceis pela falta de equipamentos de proteção individual para profissionais de saúde, leitos hospitalares e aparelhos respiradores.

Outra consequência da pandemia tem sido a redução dos estoques de sangue nos hemocentros. Essa situação tem levado ao cancelamento de cirurgias e à suspensão de transfusões em pacientes com doenças hematológicas.

Uma das causas para a redução dos estoques de hemocomponentes é a queda no número de doadores, quer por estarem com a Covid-19, quer por apresentarem problemas respiratórios e febre. Segundo o Ministério da Saúde, pessoas nessas condições não podem doar sangue por pelo menos 30 dias. O próprio isolamento social, medida de prevenção da Covid-19, faz com que doadores evitem ir aos hemocentros.

O que fazer se não há sangue disponível para transfusões

Uma possibilidade é o uso de estratégias médicas clínicas e cirúrgicas como opção às transfusões de sangue. Desde 2010, a OMS recomenda aos hospitais a implantação do programa Patient Blood Management (PBM) para gerenciar e conservar o sangue do próprio paciente. O PBM reúne em três pilares as principais estratégias clínicas e cirúrgicas para se evitar ou se reduzir transfusões de sangue alogênicas: (1) tratamento da anemia e ou da plaquetopenia (baixa quantidade de plaquetas); (2) redução da perda de sangue em cirurgias; (3) otimização da tolerância do paciente à anemia.

Um exemplo de protocolo para o tratamento da anemia está em http://bloodless.com.br/wp-content/uploads/2019/12/PROTOCOLO-TRATAMENTO-DE-ANEMIA-E-DIRETRIZES-PARA-TERAPIA-COM-ERITROPOETINA.pdf

Estratégias para cirurgias sem o uso de transfusão de sangue

Autotransfusão: máquinas reaproveitam o sangue do paciente, evitando reações imunológicas e inflamatórias causadas por sangue de outra pessoa;

Hemodiluição normovolêmica aguda: uma ou mais bolsas de sangue do paciente são retiradas no início da cirurgia para serem reinfundidas geralmente no final do procedimento. Em caso de sangramento na cirurgia, a perda de sangue é menor porque ele estará diluído. Para manter o volume no sistema circulatório, usa-se um expansor do plasma;

Evitar coletas excessivas de sangue: um paciente de UTI pode passar por três coletas de sangue por dia, cada uma delas de até 10ml. Em menos de 10 dias, ele precisará de uma transfusão;

Medicamentos de uso endovenoso e tópico: podem parar sangramentos e auxiliam no combate a uma possível hemorragia;

Tolerância à anemia: estudos mostram que os pacientes convivem bem com níveis de anemia menores do que o "gatilho" adotado por algumas equipes médicas para aplicar uma transfusão de sangue;

Hemostasia meticulosa e anestesia hipotensiva: cortes cirúrgicos mais precisos e manutenção da pressão um pouco mais baixa resultam em menor perda de sangue.

Dr. Werlen Santos - CRM RS 3556
Médico clínico emergencista - Universidade de Caxias do Sul (RS)

Dr. Antonio Alceu dos Santos - CRM SP 94077
Médico cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira. Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo (SP)

PARA SABER MAIS

O site www.bloodless.com.br reúne estudos científicos sobre as principais estratégias médicas para se evitar ou se reduzir transfusões de sangue.

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