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Homeoffice presidencial

Acidente doméstico tira Lula do Planalto por dias, desacelera sua agenda e modifica cobertura

30 de outubro de 2024

Por Caio Spechoto

Havia uma expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcasse para Kazan, na Rússia, quando a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto divulgou uma nota curta na tarde de 20 de outubro. O petista havia recebido uma orientação médica para não viajar. O texto não dizia, mas depois o que havia acontecido veio a público: o presidente tinha escorregado no banheiro e batido a cabeça. Precisou levar cinco pontos no local. Fez vários exames ao longo dos dias. E despachou quase que exclusivamente do Palácio da Alvorada, residência oficial, por cerca de uma semana.

Lula não ficou 100% parado, apesar de ter desacelerado sua agenda de compromissos. Recebeu ministros na residência oficial e participou da cúpula do Brics por videoconferência. Saiu do Alvorada principalmente para fazer exames. Sua primeira aparição pública presencial foi na sexta-feira, 25, na cerimônia realizada no Palácio do Planalto para anunciar o novo acordo de reparação do rompimento da barragem de Mariana (MG).

O home office presidencial mudou por dias a dinâmica do governo e da cobertura da imprensa. Uma das principais formas que o Executivo tem para divulgar o próprio trabalho é distribuir nas redes trechos de falas de Lula em solenidades –eventos que também pautam a imprensa, principalmente as televisões. Além disso, no Alvorada, o petista fica menos acessível a seus auxiliares, por exemplo. No Palácio do Planalto há cinco ministros (Rui Costa, Alexandre Padilha, Márcio Macêdo, Paulo Pimenta e Marcos Amaro) a um lance de escada de distância do presidente. As conversas presenciais precisam ser mais planejadas quando Lula está na residência oficial.

A alteração na cobertura da imprensa começa por motivos físicos. No Palácio do Planalto, repórteres conseguem, em alguma medida, monitorar Lula e todos os ministros palacianos ao mesmo tempo. Além disso, deputados, senadores, empresários e outras pessoas que vão até a sede do governo ter reuniões às vezes dão declarações à imprensa –ou são abordados por jornalistas nos corredores para conversas reservadas. Com Lula no Alvorada, vários dos jornalistas responsáveis pela cobertura vão para a porta da residência oficial. É possível identificar quem entra ou sai do local pela porta principal, mas abordagens são mais raras. Além de ter menos acesso a fontes, os repórteres que ficam na porta do Alvorada precisam torcer para que não chova. A sala de imprensa do local está fechada, todos ficam sentados sob uma mangueira.

Lula tem retomado paulatinamente a sua rotina no Palácio do Planalto. Na segunda-feira, 28, deixou a residência oficial para tirar os pontos da cabeça. Na terça, 29, teve reuniões no Planalto pela manhã. O presidente voltou para o Alvorada na hora do almoço e ficou por lá.

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