Ao completar bodas de prata, UE e Mercosul caminham para enlace
9 de dezembro de 2024
Por Isadora Duarte e Célia Froufe
Após 25 anos de negociações, Mercosul e União Europeia finalmente anunciaram a conclusão do acordo de livre comércio entre os blocos. No ano em que as tratativas completam as bodas de prata, os blocos subiram ao altar. Mas o tão esperado “sim” ainda está longe de ser dado.
Em junho de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro no Brasil, Mercosul e UE deram um passo semelhante, ao também anunciar a conclusão do acordo comercial. Porém, as tratativas engatinharam e o processo ficou parado até o ano passado. O cenário geopolítico era diferente e a Europa apontava para o desmatamento crescente no Brasil.
Em 2023, no Brasil, Lula voltou ao poder e elegeu o acordo como uma de suas prioridades. O desmatamento caiu, os acenos diplomáticos para a Europa voltaram e a geopolítica global é outra, com a própria União Europeia precisando diversificar suas parcerias comerciais.
As negociações foram retomadas no último ano, mas com muita resistência de países europeus – sobretudo a França, que fez ecoar ao mundo a sua insatisfação com os termos. No próprio Mercosul, havia barulhos contrários ao acordo, como os vindos da Argentina.
Mas as conversas foram avançando pouco a pouco e os termos do acordo sendo aprimorados. Foram sete rodadas de negociações desde 2023 e concessões feitas de ambos os lados.
Há pouco mais de um mês, com as eleições presidenciais dos Estados Unidos, o acordo ganhou um empurrão extra. O fator Trump é considerado essencial para a Europa olhar a América Latina com outros olhos, já que uma Aliança Transatlântica com os EUA tende a não prosperar.
Agora, o primeiro passo foi dado com o anúncio conjunto da conclusão. Restam ainda a tradução do acordo em todos idiomas, a revisão jurídica, a assinatura em si e a ratificação pelos Parlamentos dos 31 países envolvidos.
Hoje, dezembro de 2024, o que temos de concreto é que os blocos estão no altar. Pela primeira vez, apesar das bodas de prata. Outra certeza é que, mesmo se o acordo avançar, alguns países se negarão a dançar a valsa dos noivos. No Brasil, as taças estão levantadas para o brinde – com espumante nacional.