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Longe do Mar

Por causa da cirurgia, Lula passa o reveillon em Brasília

31 de dezembro de 2024

Lula costuma ir à praia em suas folgas, mas cirurgias na cabeça o prenderam em Brasília neste ano novo

Por Caio Spechoto

As idas e vindas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre o Palácio da Alvorada – onde mora e faz reuniões – e a Granja do Torto – onde faz churrascos, pesca e promove uma ou outra atividade política – não são comuns nesta época do ano. O petista está em Brasília por causa da recuperação dos dois procedimentos cirúrgicos pelos quais passou para tratar um sangramento intracraniano na primeira metade de dezembro. O mais comum é o presidente passar as folgas na praia.

O leitor não deve esperar encontrar o chefe do governo nas faixas de areia lotadas do Guarujá (SP) nem mesmo nos badalados destinos de milionários e celebridades no litoral nordestino. O jeito mais conveniente de não furar os protocolos de segurança da Presidência da República nem ficar enfurnado em casa durante as folgas é se hospedar em bases navais – apesar de o petista já ter ido, enquanto presidente, a uma praia fluvial no rio Tapajós, o que fez seu aparato de segurança atrapalhar a folga de quem estava no local.

No réveillon de 2023 para 2024, por exemplo, Lula embarcou logo depois do Natal com a primeira-dama, Janja Lula da Silva, para a Restinga da Marambaia. O local, a cerca de 80 quilômetros do Rio de Janeiro, tem uma base militar. São aproximadamente 42 quilômetros de praias com acesso controlado pela Marinha. Lula ficou 10 dias no lugar. Ele também já esteve, no atual mandato, descansando na Base Naval de Aratu, próxima a Salvador (BA).

Feriados em bases militares são um jeito consagrado de presidentes da República viajarem em segurança. O antecessor de Lula, Jair Bolsonaro, costumava ir nessas condições ao Forte dos Andradas, no Guarujá, e ao Forte Marechal Luz, em São Francisco do Sul (SC). Em 2018, o então presidente Michel Temer passou o Carnaval na Restinga da Marambia. No ano anterior, foi a Aratu.

A prática é adotada por Lula desde seu primeiro mandato, de 2003 a 2010. À época, as redes sociais ainda não haviam tomado os anunciantes dos veículos de imprensa tradicionais. A cobertura da mídia sobre as viagens do petista era muito maior. Jornais pagavam barqueiros para levarem seus fotógrafos o mais próximo da praia que a segurança presidencial permitisse. Eles conseguiam registrar momentos de lazer de Lula com ajuda de lentes enormes.

Em janeiro de 2010, por exemplo, o chefe do governo foi fotografado carregando uma caixa de isopor dessas usadas para manter bebidas geladas ao lado de amigos e da então primeira-dama, Marisa Letícia (morta em 2017). A imagem poderia ser de pessoas comuns, se o grupo não estivesse em uma área de acesso restrito da base de Aratu.

O petista disse publicamente há algumas semanas, quando saiu do hospital depois dos procedimentos na cabeça, que passaria a folga em casa para evitar desgastes de viagens durante a recuperação. Na terça-feira, 31, ele passou por novos exames em Brasília. O boletim médico divulgado pela unidade do hospital Sírio-Libanês na capital federal afirma ele apresenta “melhora progressiva condizente com o ótimo estado do presidente”.

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