O mercado financeiro trabalha com números e confiança, e Fernando Haddad conquistou esse papel aos poucos e a duras penas
3 de janeiro de 2025
Por Cristina Canas
O mercado financeiro trabalha com números e confiança. O cenário ideal para os preços dos ativos é quando essas duas variáveis são positivas. Porém quando os números falham, a confiança costuma ganhar tempo até que a casa seja arrumada.
Nos dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi o símbolo dessa confiança. O Brasil chegou a conquistar uma melhora de rating mediante um PIB robusto e a promessa (confiança) de que os gastos públicos seriam controlados.
Haddad conquistou esse papel aos poucos e a duras penas. Quando foi indicado ministro, ouvíamos dos agentes de mercado todo tipo de observação de desconfiança.
Às vésperas do anúncio do pacote fiscal, a realidade era oposta. “Haddad é o governo”, ouvi de um profissional de mercado. “O ministro entende as necessidades do País e sabe o que fazer”, escutei de outro.
Várias observações na mesma direção vinham sendo colecionadas a cada conversa ou entrevista ocorridas não só nos escritórios da Faria Lima, mas também entre os frequentadores do prédio de número 1313 da Avenida Paulista, onde fica a Fiesp na capital de São Paulo.
No entanto, a chave virou quando, no dia 27 de novembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez Haddad anunciar na TV o pacote de ajuste fiscal junto com uma promessa de campanha: aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda. A medida enxugava uma boa parte do esforço fiscal que o ministro prometera e anunciava naquele mesmo momento.
E o que ouvimos em seguida foi: “Haddad perdeu força junto ao presidente”.
Trocando em miúdos: o ministro segue com a confiança e a simpatia do setor privado, mas perdeu o papel de avalizador do Planalto. O governo perdeu a confiança.
Oficialmente, Haddad está de férias. A questão envolvendo o IR foi adiada. Porém o estrago está presente e continua sendo medido pela cotação do dólar.
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