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Bancos e consultorias avaliam que agenda do presidente dos EUA pode ser mais negativa do que positiva
4 de fevereiro de 2025
Por Aline Bronzati, correspondente
As tarifas contra o México, o Canadá e a China estão levando Wall Street a mudar a sua visão sobre o que será Donald Trump 2.0. Nas quadras do principal mercado financeiro do mundo, o temor é o de que a sua agenda, ao contrário do que se previa antes, não seja tão pró-negócios, com efeitos na inflação e por consequência nos juros americanos. Além disso, entram no radar temores de uma guerra comercial global, com novos alvos na mira do chefe da Casa Branca.
O governo americano confirmou no fim de semana tarifas adicionais de 25% para México e Canadá e de 10% para a China. Inicialmente, estavam previstas para entrar em vigor amanhã, dia 04. No entanto, no caso do México, um acordo entre Trump e a presidente Claudia Sheinbaum suspendeu as tarifas pelo período de um mês.
Sem clareza
Bancos e consultorias avaliam que o horizonte no que tange à política comercial de seu governo ainda não está claro e é difícil diferenciar a postura da intenção do republicano. Mas já começam a temer que a sua agenda seja mais negativa do que positiva, como previsto durante a campanha, o que desencadeou um movimento global de aversão ao risco.
“Estamos cada vez mais preocupados que a combinação de políticas [do presidente Trump] possa se inclinar para uma postura involuntariamente muito menos favorável aos negócios”, diz o economista-chefe do JPMorgan, Bruce Kasman.
Para o Goldman Sachs, as novas tarifas terão vida curta, a exemplo do acordo feito com o México. No entanto, o banco americano calcula que a medida, se implementada na sua totalidade, poderia reduzir as projeções para o lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) das companhias listadas no S&P 500 entre 2% e 3% neste ano, sem considerar efeitos adicionais na política monetária, no universo corporativo ou para o consumidor americano.
Peso maior
Por sua vez, o Bank of America avalia que as tarifas sobre o México e o Canadá provavelmente serão mais dolorosas, especialmente porque a importação de produtos mexicanos nos EUA aumentou desde 2018, quando Trump encerrou o seu primeiro mandato. “Se isso se transformar em tarifas bilaterais, estimamos um impacto de 8% no lucro por ação”, dizem os analistas Ohsung Kwon e Savita Subramanian, do BofA.
Depois de prometer melhorias na vida do americano durante a campanha, o presidente dos EUA admitiu eventuais impactos após anunciar tarifas incrementais aos três principais parceiros comerciais do país. Mais tarde, porém, criticou quem é contra à medida. “Qualquer um que ame e acredite nos Estados Unidos da América é a favor das tarifas”, escreveu Trump ontem, em sua rede social.
O jornal americano The Wall Street Journal dedicou um editorial ao tema, intitulado ‘A Guerra Comercial Mais Idiota da História’, e disse que o ataque econômico de Trump aos vizinhos dos EUA ‘não faz sentido’. Economistas também têm reforçado os efeitos de novas tarifas comerciais para a economia americana e o resto do mundo. A Capital Economics alerta para o risco de um salto da inflação nos EUA em ritmo mais rápido e que a porta para o Federal Reserve (Fed) voltar a cortar os juros em algum momento nos próximos 12 a 18 meses “se fechou com um estrondo”.
Juro em alta
Apesar disso, a expectativa majoritária (64%) é a de que o Fed ainda consiga aplicar um ou até dois cortes de 0,25 ponto porcentual cada nas taxas americanas neste ano, segundo mapeamento do CME Group. A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, alertou hoje que tarifas podem aumentar os preços no curto prazo e na demanda, entrevista à rede americana CNBC. “Não há urgência para fazer ajustes na política”, disse.
Os mercados de previsão nos EUA passaram a precificar maiores chances de um grande aumento das tarifas no primeiro semestre de 2025. Na casa de apostas Polymarket, a probabilidade implícita chegou a encostar nos 69% contra 30% no fim da semana passada. Depois do acordo com o México, tais chances se reduziram para perto dos 45%.
Trump levantou a perspectiva de cobrar tarifas adicionais sobre produtos importados da União Europeia e já chegou a mencionar países como o próprio Brasil e a Índia, além dos Brics. “Tarifas específicas podem ser impostas a países considerados envolvidos em práticas comerciais ‘injustas’ como Brasil, China e Índia e a setores para salvaguardar a segurança econômica dos EUA a exemplo de commodities, semicondutores e produtos farmacêuticos”, lembra Kasman, do JPMorgan.
O Morgan Stanley fez um guia para investidores sobre como lidar com os cem primeiros dias do governo Trump. A primeira lição é justamente estar preparado para uma “incerteza persistente da política dos EUA”. No que tange às tarifas, o que mais preocupa é a variedade de opções tarifárias em estudo, e que poderiam pesar na inflação e no crescimento do país no curto prazo, prevê. Ainda assim, o gigante de Wall Street mantém o cenário base de “anúncios rápidos, implementação lenta” com Trump na Casa Branca.
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