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A caminho da fusão, Azul fecha ano com rentabilidade

Em 2024, empresa aérea fez reestruturação financeira e aproximação com a Gol

25 de fevereiro de 2025

Por Elisa Calmon

O ano de 2024 foi movimentado para a Azul, com a reestruturação financeira e aproximação com a Gol para alinhar uma possível fusão. Apesar dos desafios, com destaque para o dólar forte em relação ao real, a aérea deu bons indícios de rentabilidade no balanço do quarto trimestre. Com isso, na contramão do mau humor do Ibovespa, a ação subiu ontem cerca de 4%.

Diante dos esforços para aumentar as margens, a Azul entregou um Ebitda de R$ 6 bilhões no ano passado, 16,4% acima do reportado em 2023. O resultado trimestral representou uma alta ainda maior: 33%, somando R$ 1,950 bilhão. Ambas as cifras foram recordes históricos para a companhia.

No release de resultados, a Azul destacou a margem Ebitda de 35,2% no trimestre, “uma das mais altas do mundo e 6,0 pontos percentuais acima da registrada no quarto trimestre de 2023”. A lista de recordes inclui ainda o resultado operacional de R$ 1,2 bilhão no trimestre, crescimento de 40,2% ante um ano antes. No acumulado do ano, a cifra atingiu R$ 3,5 bilhões, crescimento de 21%.

Saúde da empresa

Para o CFO da Azul, Alex Malfinati, as cifras de Ebitda e Ebit são mais confiáveis para analisar a saúde da empresa do que o lucro líquido. O executivo argumenta que, por ser “poluído” pelo efeito cambial, o lucro líquido gera ruídos na leitura dos resultados. “Por isso, os analistas de mercado acabam olhando muito mais para o Ebitda e Ebit”, afirmou durante teleconferência de resultados.

Para o CEO da Azul, John Rodgerson, o modelo sólido de negócios da companhia tem levado a uma alta constante da rentabilidade da companhia, enquanto as perspectivas seguem positivas. “O melhor está por vir após a reestruturação financeira”, disse.

O executivo ressaltou que essa “reestruturação abrangente do balanço” levou à extinção de mais de US$1,6 bilhão do balanço patrimonial e melhorou a geração de caixa em até US$ 200 milhões por ano. “Ao alcançar esses resultados, fortalecemos nosso balanço patrimonial e agora podemos voltar nossa atenção para a execução de nosso plano de expansão de margem e para a geração de fluxo de caixa livre positivo”, afirmou.

Para o analista do BB Investimentos, Luan Calimério, a Azul apresentou um resultado positivo no quarto trimestre de 2024, com desempenho acima do esperado. Ele destacou o avanço principalmente no mercado doméstico, com expansão tanto da oferta de assentos-quilômetro quanto da taxa de ocupação média das aeronaves. Enquanto isso, “a tarifa média se manteve aproximadamente em linha com quarto trimestre de 2023 o que, na resultante, gerou à companhia um crescimento de 10,2% ano contra ano na receita líquida”.

Gol no radar

Os planos de crescimento incluem a possível fusão com a Gol. O presidente da Azul, Abhi Shah, afirmou que a companhia está confiante com a proposta apresentada para a combinação de negócios e que o foco é crescer e adicionar serviços.

“A fusão permitiria a criação de uma companhia aérea competitiva a nível global”, disse. Para o executivo, a combinação traria mais competitividade a nível de frota e acesso a capital, por exemplo. O ganho de sinergia e redução de custos estão também entre as possíveis vantagens da operação já citadas pela Azul como forma de driblar desafios como o valor elevado do combustível e desvalorização do real ante o dólar.

Shah, no entanto, não forneceu maiores detalhes sobre o andamento do processo. Rodgerson também foi cauteloso. “Em 2025, continuaremos sendo a Azul e o foco está na empresa”, disse o CEO ao ser questionado se haviam novidades da fusão.

A expectativa é que a operação seja concluída em 2026, já que depende ainda da avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), enquanto a fusão divide opiniões. O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, por exemplo, já defendeu a combinação de negócios mais de uma vez. “Gol e Azul já controlam 60% do mercado. A possível fusão fortalece as empresas. O pior cenário seria se quebrassem”, disse.

Por outro lado, o ex-conselheiro do Cade, Ricardo Ruiz, diz ver “desafios de difícil superação se as análises mantiveram atenção ao que já foi julgado no órgão”. O tamanho e a força da nova companhia formam a principal preocupação que guiará o Cade. Será preciso demonstrar que há mecanismos capazes de superar os prejuízos que serão impostos à concorrência no mercado aéreo brasileiro. Somadas, Azul e Gol concentram 62% do fluxo de passageiros, competindo apenas com a Latam, que domina os 38% restantes praticamente sozinha.

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