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Críticas ganharam força com temor de que plano derrube disjuntores da maior economia do mundo
9 de abril de 2025
Aline Bronzati, correspondente em NY
Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, detalhou o seu plano tarifário global, o descontentamento com a sua gestão cresceu. Das quadras de Wall Street, que antecipou a sua vitória e ajudou a virar votos ao republicano, até a Main Street, termo usado para se referir às ruas e um dos focos de atenção do republicano, uma chuva de críticas ganhou força diante do temor de que o plano de Washington derrube os disjuntores da maior economia do mundo e coloque não só os EUA, mas o mundo em recessão.
O megainvestidor de Wall Street Bill Ackman, da gestora Pershing Square, criticou a forma como as tarifas foram calculadas e pediu que Trump faça uma pausa por 90 dias. Antigo doador do partido democrata, ele mudou de lado e declarou apoio ao republicano nas últimas eleições. Agora, disse que está frustrado, que as tarifas são um erro e que se mantidas vão causar o que classificou como “inverno nuclear econômico autoinduzido”. “O presidente tem a oportunidade de pedir um tempo limite de 90 dias, negociar e resolver acordos tarifários assimétricos injustos e induzir trilhões de dólares em novos investimentos em nosso país”, defendeu Ackman, em seu perfil no X, neste domingo.
O coro crítico foi reforçado pelo presidente do JPMorgan, Jamie Dimon, em sua tradicional carta anual a acionistas, publicada hoje. Ele, que chegou a ser cotado para integrar o time Trump e é conhecido por suas previsões catastróficas, disse que o momento exige muita cautela. “Se o menu de tarifas causará ou não uma recessão, essa ainda é uma questão, mas isso desacelerará o crescimento”, alertou Dimon, na carta, publicada nesta segunda-feira.
Nos últimos dias, diferentes casas em Wall Street têm piorado o seus cenários para o risco de os EUA enfrentarem uma recessão nos próximos 12 meses em meio ao crescente temor em torno dos impactos do tarifaço de Trump. O Goldman Sachs voltou a elevar novamente os riscos de recessão nos EUA de 35% e 45% nos próximos 12 meses. O JPMorgan está ainda mais cético e elevou as chances de 40% para 60%, na semana passada. “Quanto mais rápido esse problema for resolvido, melhor, porque alguns dos efeitos negativos aumentam cumulativamente ao longo do tempo e seriam difíceis de reverter. No curto prazo, vejo isso como uma grande gota d’água no copo”, avaliou o CEO do JPMorgan, em carta, hoje.
É também uma reviravolta no cenário relatado por Dimon e outros banqueiros de Wall Street, no início do ano. Na ocasião, eles enfatizaram um maior otimismo dos empresários com a economia dos EUA diante de uma agenda mais pró-crescimento e uma melhor relação do governo e o universo corporativo. “A maioria dos CEOs com quem converso diz que estamos em recessão agora”, disse o CEO da BlackRock, Larry Fink, em evento, no The Economic Club of New York, nesta segunda-feira, conforme relatos de veículos americanos.
O bilionário Stanley Druckenmiller, disse que não apoia tarifas acima de 10%, em rara publicação no seu perfil no X. Ele é fundador do Duquesne Family Office, baseado em Nova York.
As cobranças também vêm da chamada Main Street, com Trump ampliando o índice de reprovação do seu governo nas pesquisas recentes. Desde que seu time voltou à Casa Branca, interlocutores têm reforçado o foco do republicano em estimular a economia real, ou seja, a Main Street, e não o mercado financeiro, representado por Wall Street. “Esqueçam o mercado por um segundo”, disse Trump ontem, alegando que, às vezes, é preciso tomar “remédio” para resolver algumas coisas.
No sábado, dia 5, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas, da luxuosa 5ª avenida em Nova York, ao Alasca, mas também em grandes cidades fora dos EUA, como Londres e Paris, protestar contra as medidas do republicano. Mais de 600.000 pessoas se inscreveram nos cerca de 1.400 atos intitulados ‘Hands Off!’, ou ‘Tirem as Mãos’ na tradução literal, realizados nos 50 estados americanos, conforme relatos da imprensa internacional.
Mas, ao contrário dos pedidos das ruas e de Wall Street, Trump não recuou nas tarifas e escalou mais a guerra tarifária. Enquanto os mercados repercutiam rumores de uma possível pausa de 90 dias nas tarifas nesta manhã, como pediu Ackman e que posteriormente foram negados pela Casa Branca, o republicano ameaçou a China com a adoção de tarifas adicionais de 50% a partir de 9 de junho, caso o país asiático não recue em sua ação retaliatória de 34% a produtos americanos. “Nunca vi o mercado se mover com uma manchete obviamente falsa”, comentou o CEO da consultoria Eurasia, Ian Bremmer.
O cofundador e CEO da gestora de ativos Unlimited Funds, Bob Elliott, lembra que, normalmente, a descida ao ‘bear market’, quando os mercados tombam 20% do pico recente, leva formuladores de política a repensarem suas ações. Mas, até o momento, “não há sinais de que a nova administração esteja disposta a reduzir seus esforços tarifários”, conforme ele.
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