Explosão causada por Francisco Wanderley Luiz provocou reações diferentes de STF, Planalto e Congresso
14 de novembro de 2024
Por Caio Spechoto
Dois policiais gritavam para jornalistas se afastarem da sede do Supremo Tribunal Federal (STF) por risco de explosão. Alguns dos repórteres gritavam de volta, mais alto, pedindo silêncio –a discussão ensaiou ficar mais tensa, mas não escalou. Os jornalistas queriam ouvir Layana Costa, que trabalha no Tribunal de Contas da União (TCU), próximo ao STF, e havia visto Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, jogar bombas contra a Suprema Corte e depois se explodir.
Naquela altura, ainda não se sabia o nome do homem cujo corpo estava estirado na Praça dos Três Poderes, quase colado ao Supremo e a poucas centenas de metros do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto. Muito menos que ele havia sido candidato a vereador pelo PL na cidade catarinense de Rio do Sul em 2020 –teve 98 votos e não conseguiu se eleger. Jair Bolsonaro só se filiaria ao partido no fim de 2021.
Também não eram conhecidas as imagens do circuito de câmeras do STF. O vídeo mostra o homem atirando uma bomba e intimidando seguranças. Depois, deitando sobre um artefato, que explodiu sob sua cabeça. A testemunha contou parte dessa cena, e falou que havia ouvido também um estouro vindo do estacionamento da Câmara dos Deputados, que fica nas proximidades.
Várias viaturas e carros dos bombeiros chegavam ao local. Quase todos os presentes tomavam chuva, e a iluminação era fraca. Uma nova roda de repórteres se formou em torno da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão. Ela apareceu, falou rapidamente à imprensa e foi abordada por um agente da polícia que a aconselhava a deixar o local por haver risco de nova explosão. O trânsito na Esplanada dos Ministérios tinha sido fechado para carros de cidadãos comuns. A região não tem residências. Há muitos prédios públicos e áreas abertas.
Os jornalistas já haviam sido instados a se afastar da sede do STF um pouco mais cedo. Foram se proteger da chuva sob um monumento da Praça dos Três Poderes. Seriam retirados também dali em seguida. Os policiais diziam que havia a possibilidade de mais explosivos estarem escondidos por perto. A suspeita de que o cadáver de Wanderley Luiz ainda carregasse bombas fez com que ele fosse retirado só no dia seguinte de manhã.
As reações dos Três Poderes variam. O STF voltou a cercar sua sede com grades. Elas haviam sido retiradas em fevereiro. O Palácio do Planalto reforçou a segurança, mas nada de grades. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou retirá-las no começo de 2023 para transmitir uma mensagem de tranquilidade depois dos ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro daquele ano. Quintas-feiras tradicionalmente têm pouco movimento na Câmara e no Senado. Na quarta-feira, ambas as Casas demoraram cerca de uma hora para suspender atividades depois das explosões.
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