Nos bastidores do futebol europeu, a manobra política tirou o Ballon D´Or das mãos de Vini Jr.
1 de novembro de 2024
Por Eliane Sobral
O tema que dominou as rodas de conversas do Oiapoque ao Chuí, passando pela Faria Lima, não foi outro que não a Bola de Ouro da France Footbal nas mãos do meio campista do Rodri, do Manchester City. Parecia certo e sabido que a hora era de Vini Jr. ser eleito o melhor do mundo. Indignação, revolta, posts de apoio a Vini e xingamentos aos organizadores e eleitores do prêmio… Para quem acompanha os bastidores do futebol europeu, e tem boa memória, surpresa zero. É só mais um capítulo de uma briga de cachorro grande.
No fim de 2021, Florentino Pérez, presidente do Real Madrid em tempo integral e empresário nas horas vagas, resolveu afrontar a Uefa, lançando a ideia de criar uma Superliga. O plano até que não era ruim e tinha algum fundamento: tornar o futebol europeu mais atraente (ainda mais), com a participação apenas dos grandes nas competições continentais –leia-se Liga dos Campeões. No exercício 2022/23 a maior competição interclube do mundo (sorry, Libertadores!) rendeu nada menos que 3,1 bilhões de euros aos cofres da União Europeia de Futebol. Imagina a alegria do presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, ao saber que querem transformar sua galinha dos ovos de ouro num torneio tipo série B?
Pérez e Ceferin andaram trocando farpas publicamente e, até onde se sabe, Florentino ainda não abandonou a ideia. As armas de cada um: Florentino Pérez é o capitão do melhor time do mundo (e não é de hoje). Tem o respeito e admiração de seus pares (e não só no continente) e, no fim das contas, a proposta da Superliga nem é tão ruim assim. Ceferin, por sua vez, conta com o apoio dos times menores –se bem que, time menor na Europa é bem diferente de time menor na América Latina (sejamos realistas!).
Nos bastidores do futebol europeu o que se dá como certo é que uma manobra política tirou o Ballon D´Or das mãos de Vini Jr. já que não havia como não conceder o prêmio de melhor time ao Real Madrid. Que Pérez ficou passado, para dizer o mínimo, todo mundo sabe. A ausência dos merengues na noite de gala em Paris não foi só um protesto público capitaneado por ele. Foi uma sinalização bastante clara que a briga está longe do fim.