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Leitura apressada

Enquanto Santander desacelera oferta de crédito antevendo cenário macro mais difícil, Bradesco avança

31 de outubro de 2024

Por Matheus Piovesana

Por abrir a temporada de balanços dos grandes bancos, o Santander Brasil gera leituras que o mercado tenta extrapolar para os concorrentes em fatores como apetite de crédito e desempenho financeiro. Na maioria das vezes, é uma leitura que não se confirma, e é possível que isso também aconteça agora em relação ao terceiro trimestre deste ano.

Divulgado nesta quinta-feira, o resultado do Bradesco contrariou tendências do concorrente. O principal contraste foi na carteira de crédito: enquanto o Santander começou a desacelerar por antever um cenário macroeconômico mais difícil, o banco da Cidade de Deus acelerou um pouco mais. O raciocínio é o de que o aperto de critérios feitos nos últimos dois anos deixam o Bradesco em uma posição mais confortável para acelerar mesmo com os juros em alta.

A divergência tem razões históricas e também conjunturais. No histórico, pesa o fato de o Bradesco ter fontes de receita mais diversificadas, o que também se reflete sobre as fontes de captação. O Santander quer chegar lá, após anos em que baseou seu crescimento em uma expansão agressiva de negócios para o público de varejo.

Também é de se esperar que os demais bancos contrariem a leitura inicial do mercado. O Itaú Unibanco, que passou praticamente ileso pela alta da inadimplência nos últimos dois anos, pode acelerar o crédito com foco em públicos selecionados, na mesma estratégia do Bradesco. O Banco do Brasil vive um ciclo distinto dos três: com um terço da carteira destinada ao agronegócio, pode mostrar uma piora na qualidade do crédito, o que não significa que desacelerará nos demais públicos.

Nem tudo diverge, é claro. Tanto Mario Leão, presidente do Santander, quanto Marcelo Noronha, do Bradesco, ressaltaram que os retornos de algumas linhas estão caindo. É o caso do consignado para aposentados e pensionistas do INSS, em que o governo fez oito cortes no teto de juros desde o ano passado.

Como os juros futuros aumentaram, a margem dos bancos recuou, porque o custo de captar o dinheiro que financia a linha subiu. O resultado é uma concessão menor e uma crise nos correspondentes bancários: para manter a rentabilidade, os bancos estão levando para os canais próprios a concessão do produto.

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