Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Broadcast OTC
Plataforma para negociação de ativos
Broadcast Data Feed
APIs para integração de conteúdos e dados
Broadcast Ticker
Cotações e headlines de notícias
Broadcast Widgets
Componentes para conteúdos e funcionalidades
Broadcast Wallboard
Conteúdos e dados para displays e telas
Broadcast Curadoria
Curadoria de conteúdos noticiosos
Soluções de Tecnologia
Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Soluções de Tecnologia
Apesar de desafios, setor brasileiro mostra sinais de otimismo, diz Arturo Barreira, da Airbus para AL e Caribe
30 de dezembro de 2024
Por Elisa Calmon
A demanda ainda aquecida deve ser um vento favorável para lucratividade das aéreas brasileiras em 2025, principalmente após Gol e Azul “ajeitarem” as contas em 2024. Mas a pressão cambial e a crise de capacidade, que não têm perspectiva de melhora, podem ofuscar estes efeitos positivos. Na ponta, esse cenário vai se refletir no bolso dos consumidores, com um aumento no preço das passagens.
“Apesar dos desafios que afetam toda a indústria de aviação, o setor brasileiro mostra sinais de otimismo para 2025”, avalia o presidente da Airbus América Latina e Caribe, Arturo Barreira. O executivo destaca que em 2024 a movimentação de passageiros renovou recordes, enquanto o tráfego deve crescer 2,7 vezes nas próximas duas décadas e a frota quase dobrar no mesmo período.
O diretor-geral da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês), Willie Walsh, corrobora o otimismo.”O mercado brasileiro tem o terceiro maior ritmo de crescimento do mundo e não há previsão de que isso mude”, diz. Entre 2000 e 2023, o mercado doméstico cresceu 7,6% ao ano, atrás apenas de China e Índia, que registraram avanço médio de 11%.
A alta dos juros não deve inibir este crescimento imediatamente, segundo o sócio fundador da consultoria Garín Partners, Julio Favarin. “Tudo leva a crer que, com a economia crescendo, a demanda vai demorar para diminuir, até porque as taxas já estão elevadas há algum tempo”, afirma.
Além da demanda, os processos de reestruturação financeira das aéreas brasileiras também podem abrir espaço para ganhos de lucratividade, segundo Walsh, da Iata. A Fitch, por sua vez, avalia que as reorganizações de companhias latino-americanas devem alterar a dinâmica competitiva em toda a região no próximo ano.
Crise de capacidade
Por outro lado, os problemas na cadeia de suprimentos continuarão sendo um desafio para que as aéreas brasileiras consigam atender a demanda. “Todo mundo quer voar mais para diluir custos e ampliar a capacidade, porque a demanda está forte, mas as entregas ainda estão atrasadas”, disse o CEO da Azul, John Rodgerson, em coletiva recente. O executivo prevê que a situação demore, ao menos, entre dois e três anos para se normalizar.
Para a Fitch, a escassez de novas aeronaves vai limitar o crescimento da capacidade em 2025, mantendo altos fatores de carga e apoiando as receitas unitárias. Contudo, deve prolongar a dependência das companhias aéreas de aviões mais antigos e menos econômicos, elevando custos.
Apesar da crise de capacidade ser um problema global, a América Latina pode estar melhor posicionada para enfrentar este desafio, segundo a economista-chefe da Iata, Marie Owens. A especialista avalia que as empresas da região investiram “audaciosamente” quando aviões ainda estavam sendo entregues em prazos menores.
“Diante dos problemas atuais, isso daria à América Latina e ao Brasil uma capacidade de crescimento que outras partes do mundo não têm, porque estão privadas de novas aeronaves”, afirma em entrevista exclusiva ao Broadcast.
As previsões da Iata indicam que a capacidade (ASK) ofertada pelas aéreas latino-americanas deve subir acima da média global em 2025 na comparação com 2024. A entidade estima um crescimento regional de 7,9% e mundial de 7,1%.
Câmbio e passagens
O crescimento do lucro das aéreas latino-americanas também deve superar a média global em 2025, com avanço de 30% contra 16%. Ainda assim, a região opera com uma das menores margens mundiais. Para o ano que vem, é esperado que o indicador atinja 2,4% ante 3,6% globalmente. A projeção mais alta, ainda modesta, é para a América do Norte: 4,2%.
As margens pequenas são inerentes ao mercado de aviação, explica o sócio-diretor da consultoria Macroinfra, Olivier Girard. “A conta não fecha a nível mundial”, afirma. Mas aponta que o problema é agravado no Brasil, já que a maior parte das despesas do setor é em dólar, enquanto as aéreas do País faturam em real. Este cenário, junto com a demanda alta e escassez de oferta, contribuem para uma alta no preço das passagens, projeta o especialista.
Cerca de 60% das despesas do setor são dolarizadas, somando combustível, gastos com manutenção e reparo e leasing (arrendamentos). Com isto, mesmo as passagens domésticas são pressionadas pela desvalorização do real. O dólar no patamar de R$ 6 poderia levar a uma alta de até 8% nas passagens aéreas no Brasil para preservar as margens, já apertadas, das companhias, calcula o UBS BB.
“Os preços vão subir e não têm nada que os segure. A ocupação está alta e a despesa financeira das companhias vai ficar ainda mais cara com juros e câmbio”, reforça Favarin, da Garín Partners.
Veja também