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‘Elevar preço é a única opção para locadoras’

Essa é a saída diante de desafios econômicos, disse ao Broadcast o presidente Abla, Marco Aurélio Nazaré

24 de março de 2025

Por Elisa Calmon

O setor de locação de veículos tem passado por uma “tempestade perfeita”, com juros e dólar elevados, menor acesso ao crédito e piora na depreciação, por exemplo. Para driblar o cenário macroeconômico desafiador, a estratégia segue sendo elevar as tarifas de locação, avalia o presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), Marco Aurélio Nazaré.

“A ideia é repassar o mínimo possível (do aumento de custos), mas não há outra alternativa, para manter a rentabilidade dos negócios”, afirma o executivo em entrevista exclusiva ao Broadcast.

A fala do presidente da Abla vem em linha com as de gestores do setor. “Continuamos com a recomposição (de preços), principalmente diante das mudanças na perspectiva macroeconômica e juros altos, que geram crescimento mais moderado de volume”, afirmou o CFO da Localiza, Rodrigo Tavares, na última teleconferência de resultados.

O executivo destacou que uma alta de 100 pontos base na taxa de juros leva a um crescimento de 2% na tarifa. “É uma relação direta. Precisamos continuar com a recomposição de rentabilidade e tarifa também para compensar isso”, explicou Tavares.

A recomposição de preços, tanto em locação (RAC) quanto GTF foi a” prioridade número um da Movida” em 2024 e continuará sendo um foco em 2025, segundo o CEO da companhia, Gustavo Moscatelli. No segmento de locação a diária média da companhia ficou em R$ 151 no quarto trimestre de 2024, crescimento anual de 20%.

Custos

Entre as principais pressões de custo, que justificam o aumento das tarifas, Nazaré destaca o aumento no preço de carros novos nos primeiros meses de 2025. Em alguns modelos, a alta chegou a 9%, “subindo quase que o dobro da inflação”, afirma Nazaré. O IPCA acumulado em 12 meses de fevereiro, resultado mais recente divulgado pelo IBGE, ficou em 5,06%.

O presidente da Abla atribui o aumento nos preços, principalmente, à desvalorização do real ante o dólar, já que muitas peças e tecnologias, principalmente a parte eletrônica dos carros, são importadas. “A alta da moeda americana tem um impacto direto não só nos valores dos carros novos, mas também no custo operacional, reposição de peças e mão de obra”, complementa.

Os juros altos também são citados como um desafio, já que o negócio de locação é de capital intensivo. Além disso, dificulta o acesso ao crédito, reduz a disponibilidade de renda e eleva os níveis de inadimplência.

Demanda

A estratégia de recomposição de preços das tarifas de locação vem sendo adotada pelo setor nos últimos anos. Contudo, ainda há espaço para novas altas, sem perder volume, avalia o presidente da Abla. “O negócio do aluguel de carros tem uma demanda crescente, com uma capacidade impressionante de crescimento no Brasil”, afirma.

A projeção é de que os próprios desafios macroeconômicos sigam impulsionando a demanda. Nazaré explica que a locação surge como uma alternativa para empresas e pessoas físicas diante dos preços mais elevados de carros e maior restrição ao crédito.

Neste cenário, o executivo considera que as perspectivas são positivas para as locadoras. “Estamos otimistas com a demanda crescente, ainda que preocupados com todos esses pontos de atenção”, afirma, ressaltando que a capacidade de atender a demanda é limitada pelo menor poder de investimento.

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