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Juntos, Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco BBI e Santander elevaram ganho em 28,4% ante 2023, a R$ 10,2 bi
13 de fevereiro de 2025
Por Matheus Piovesana, Cynthia Decloedt, Altamiro Silva Junior E Luciana Collet
A renda fixa “bombou” em 2024 e ajudou a impulsionar bancos de investimento brasileiros em um novo ano fraco para operações de renda variável. Combinados, Itaú BBA, BTG Pactual, Bradesco BBI e Santander tiveram receitas de R$ 10,2 bilhões ao longo do ano passado, um crescimento de 28,4% em relação a 2023. Esse crescimento pode ser atribuído aos volumes recordes de emissões de crédito privado e securitização, que se tornaram uma alternativa ao crédito bancário para empresas de grande porte.
O montante recorde de R$ 709 bilhões em emissões em renda fixa, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), compensou a menor comissão média que as operações do segmento costumam render.
Para 2025, o cenário se desenha difícil, na avaliação dos bancos, com mais um ano de baixa atividade na renda variável e uma desaceleração na renda fixa. O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, disse a analistas na semana passada que espera uma queda de 30% a 40% no volume de emissões, além de não antever janelas amplas para a emissão de ações.
Nos bastidores, a avaliação de executivos é a mesma: apenas operações pontuais, como a oferta de ações (follow on) da Caixa Seguridade, devem sair. Nesse caso específico, banqueiros de investimento avaliam que os bons números da empresa facilitam o processo. A expectativa é de que a operação seja formalizada nos próximos dias, com o potencial de movimentar R$ 1,2 bilhão.
Ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) só devem acontecer mais para o fim de ano, também de forma pontual e se houver alguma sinalização de queda de juros pelo Banco Central. “Olhando as condições macroeconômicas agora, não parece o cenário-base [para ter IPO nos próximos meses]”, disse o presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima, Guilherme Maranhão.
Os números recordes da renda fixa em 2024 contrastaram com os das ofertas de ações, que se tornaram raras com os juros em dois dígitos. Foram só R$ 25 bilhões no ano passado, o menor volume desde 2018 e grande parte disso atribuível à oferta que privatizou a Sabesp, em julho, que movimentou R$ 14,8 bilhões. A renda variável é mais cobiçada pelos bancos de investimento porque as comissões são mais altas.
O contexto levou os bancos de investimento a calibrarem equipes. O Bradesco BBI, por exemplo, praticamente dobrou o time dedicado à renda fixa, tanto nas áreas de originação de operações quanto nas de distribuição. Um dos focos foi a distribuição de papéis para pessoas físicas, em que a presença era menor. No BTG, a receita do banco de investimento cresceu 30% no ano, com contribuição recorde da área de dívida, além da forte atividade no mercado de fusões e aquisições, na qual o grupo assessorou mais de 60 negócios.
O diretor financeiro do BTG, Renato Cohn, avalia que ainda é muito cedo para prever se haverá contração ou não da atividade no mercado de renda fixa em 2025, já que janeiro é um mês de menor atividade para as companhias. “Os volumes podem vir a ser um pouco menores este ano, dado que temos um novo ciclo de juro, o qual coloca pressão nas empresas, mas é muito cedo para qualquer tipo de previsão.”
A demanda por títulos privados reforçou a concorrência do mercado de crédito privado com o financiamento bancário. Reflexo disso é que os bancos não têm originado empréstimos a empresas quando entendem que as margens serão baixas demais. Nas debêntures, os bancos ficaram com 40% dos papéis nas operações que assessoraram, segundo a Anbima.
Os negócios de compra e venda de energia foram retomados neste início de ano, após encolherem no quarto trimestre de 2024 com as preocupações sobre a saúde financeira de algumas comercializadoras e o movimento mais calmo dos preços na época. Segundo a plataforma de negociação de energia BBCE, o número de operações mais que dobrou entre dezembro e janeiro, para 4,4 mil contratos, que movimentaram R$ 5,6 bilhões.
O volume financeiro corresponde a alta de 88,1% em relação a dezembro passado, embora fique 20,6% abaixo do observado no mesmo mês do ano passado e bem longe do pico de R$ 11 bilhões visto em setembro. Os preços da energia para entrega futura iniciaram o ano em queda. No entanto, à medida que as previsões para chuva e hidrologia foram sendo atualizadas, indicando a perspectiva de cenário menos favorável para hidrologia, a tendência se alterou e os contratos para entrega nos próximos meses passaram a subir.
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