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Setor público gasta quase R$ 1 trilhão com juros em 2024

Segundo o Banco Central, o déficit primário foi de R$ 47,553 bilhões em 2024, o equivalente a 0,40% do PIB

31 de janeiro de 2025

Por Cícero Cotrim e Fernanda Trisotto

O gasto do setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, à exceção de Petrobras e Eletrobras) com juros em 2024, de R$ 950,423 bilhões, é de longe o maior da série histórica do Banco Central, iniciada em 2002. As despesas do ano passado superaram em mais de R$ 200 bilhões o recorde anterior, de R$ 718,294 bilhões, alcançado em 2023.

Essa rubrica representa o fluxo de juros apropriado por competência que incide sobre a dívida interna e externa, incluindo juros reais e atualização monetária a dívida. Também contabiliza os resultados do BC com o estoque de swaps mês a mês.

Puxado pelos juros, o déficit nominal do setor público consolidado atingiu R$ 997,976 bilhões em 2024, o segundo maior da série histórica em termos nominais. O resultado só foi mais negativo em 2020, quando, em meio à pandemia de covid-19, chegou a R$ 1,105 trilhão.

Resultado

O setor público consolidado teve déficit primário de R$ 47,553 bilhões em 2024, o equivalente a 0,40% do Produto Interno Bruto (PIB).

O saldo foi pouco menos negativo do que a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava um déficit primário de R$ 48,80 bilhões. Todas as projeções do mercado apontavam para um rombo nas contas públicas, de R$ 57,0 bilhões a R$ 36,0 bilhões.

O déficit de 2024 foi sensivelmente menor do que o de 2023, quando o rombo nas contas do setor público chegou a R$ 249,124 bilhões (2,28% do PIB), puxado pela ampliação de despesas autorizada pela PEC da Transição e pelo pagamento de precatórios no fim do ano. Em 2022, houve um superávit primário de R$ 125,994 bilhões (1,25% do PIB).

O saldo negativo de 2024 foi puxado por um déficit primário de R$ 45,364 bilhões nas contas do governo central, o equivalente a 0,38% do PIB. Os Estados e municípios tiveram superávit de R$ 5,885 bilhões (0,05% do PIB), e as empresas estatais, déficit de R$ 8,073 bilhões (0,07% do PIB).

Isoladamente, os Estados tiveram superávit de R$ 28,507 bilhões no ano passado, e os municípios, saldo negativo de R$ 22,623 bilhões.

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