Para evitar foco de incêndio ateado pelo próprio governo, ministro ordenou falar diplomaticamente sobre aço
13 de março de 2025
Por Célia Froufe
Contratado para apagar incêndios e, preferencialmente, para evitar que o fogo seja ateado de dentro do próprio governo, como já aconteceu algumas vezes, o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, baixou mais uma norma.
Desta vez, relacionada à questão da sobretaxação do aço e alumínio pelos Estados Unidos em 25% a partir de 12 de março: está proibido o uso do termo RETALIAÇÃO na Esplanada dos ministérios e no Palácio do Planalto. Em seu lugar, autoridades devem usar sempre a palavra reciprocidade, termo amplamente utilizado pela diplomacia e o comércio internacional.
Desde o anúncio feito pelo presidente americano Donald Trump, em 9 de fevereiro, o governo brasileiro vem atuando com cautela. A intenção sempre foi a de tentar evitar que os holofotes se voltem ao Brasil neste momento de política externa conturbada.
Pode parecer bobeira, mas a expressão carregaria consigo uma carga muito mais pesada do que a alternativa, que é mais complicada de falar, mas que incorporaria a conotação de conteúdo técnico.
O dicionário corrobora essa diferença. Reciprocidade: qualidade ou caráter de recíproco; correspondência mútua; recíproca, reciprocação. Retaliação: aplicação da pena de talião; revide com dano igual ao sofrido; revide a uma ofensa ou a uma agressão sofrida; represália, vingança.
A semântica de Sidônio tem relação, portanto, com o recado que o Brasil pretende passar: não quer ficar inerte ao aumento das tarifas, mas tampouco quer fazer do episódio a puxada do fio de um novelo geopolítico e econômico que pode ter consequências mais graves para o País.
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