Lula conversou sorridente com Tarcísio e Nunes, transmitindo uma mensagem de receptividade
30 de novembro de 2024
Por Caio Spechoto
O primeiro encontro público entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, começou com acenos e sorrisos. Com a solenidade em andamento, o governo federal marcou posição contra os planos de golpe para impedir a posse de Lula investigados pela Polícia Federal. Aliado de Jair Bolsonaro, um dos investigados no inquérito, Tarcísio foi questionado por jornalistas sobre o caso e não quis comentar. Ele estava no Palácio do Planalto na sexta-feira, 29, para o anúncio de financiamento do BNDES para obras na capital do Estado.
Tarcísio, Nunes (reeleito há semanas em São Paulo com apoio de Bolsonaro) e Lula apareceram no salão da cerimônia, no Palácio do Planalto, poucos minutos antes de a solenidade efetivamente começar. O presidente da República conversava sorridente com os dois adversários políticos, transmitindo uma mensagem de receptividade. O cerimonial do Planalto os colocou sentados a algumas cadeiras de distância de Lula, e próximos do ministro Alexandre Padilha, de Relações Institucionais. Tanto Tarcísio quanto Nunes cochicharam com Padilha ao longo da cerimônia.
O recado mais forte veio no discurso do ministro da Casa Civil, Rui Costa. “O senhor [Lula] mostra, mais do que nunca, a figura de um estadista que não se abala um milímetro mesmo com todas as informações e notícias que vieram à tona daqueles que tramaram um golpe de Estado. Chegaram a tramar algo que ninguém nesse salão ou no País imaginava, que alguém teria coragem de tramar a captura, o sequestro, a morte de um ministro do Supremo Tribunal Federal, de um presidente da República eleito e de um vice-presidente da República eleito”, disse o ministro.
O vice-presidente Geraldo Alckmin foi mais sutil. Elogiou a democracia e disse que só nela governantes de forças políticas adversárias (como é o caso de Lula e Tarcísio e Nunes) podem colaborar – uma forma de demonstrar oposição a rupturas institucionais.
“Lembrava sentadinho ali, presidente Lula, de quando eu fui prefeito da minha cidade natal no período triste da ditadura no Brasil. Nós prefeitos éramos separados pelo partido político. Me lembro de uma reunião em Paraibuna, com a presença do presidente da República, em que a cor do meu crachazinho era diferente. E aí as pessoas eram separadas. Só tinha reunião com o governo federal quem fosse do partido do presidente. Triste período já superado”, declarou Alckmin. Como Lula não discursou, o vice-presidente o ministro da Casa Civil foram as autoridades mais altas do governo federal a falar na solenidade.
A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e uma série de aliados, incluindo militares, por um suposto plano para dar um golpe de Estado e impedir a posse de Lula. As investigações da PF também apontam para uma trama para matar Lula, Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Segundo o relatório a polícia, Bolsonaro teria conhecimento sobre a ideia dos assassinatos.
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