Agronegócios
03/08/2022 08:41

Grãos/Anec: exportação de soja recua no 1º semestre; China e Holanda puxaram desempenho negativo


Por Isadora Duarte

São Paulo, 03/08/2022 - A queda de 8,87% no volume exportado de soja brasileira no primeiro semestre deste ano ante igual período do ano passado, para 55,1 milhões de toneladas, deve-se ao menor volume embarcado para China e Holanda, diz a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Em boletim sobre o andamento das exportações da safra, a entidade informa que o envio do grão ao país asiático - principal destino do produto - recuou 11,2%, para 36,9 milhões de toneladas. Para a Holanda, quarto maior destino das exportações de soja do Brasil, os embarques diminuíram 32,2% nos primeiros seis meses deste ano, a 1,7 milhão de toneladas

A Anec prevê que as exportações do País totalizem 74 milhões de toneladas na safra 2021/22, ante estimativa inicial de 92 milhões de toneladas destinadas ao mercado externo. A associação atribui o resultadi à menor colheita. "Nesta safra (2021/22), houve uma quebra de safra expressiva, de aproximadamente 20 milhões de toneladas abaixo do esperado", apontou a entidade. A Anec estima produção de 124,3 milhões de toneladas, contra 144 milhões de toneladas inicialmente previstas, o que se deveu à estiagem que afetou a produção do Sul do País.

Para o milho, a entidade observa que a colheita da primeira safra está quase finalizada, enquanto a da safra de inverno está adiantada em relação ao ano anterior, atingindo 71,1% da área plantada no País. Segundo a entidade, a quebra na safra de milho europeia, a menor desde 2007 em virtude da seca e das altas temperaturas, pode fazer com que o bloco demande mais cereal nacional. De acordo com a Anec, as perdas na Europa são estimadas em 14 milhões de toneladas, com a produção projetada em 53,8 milhões de toneladas. "Isso poderá afetar também a exportação da Europa, que praticamente zerou. Com o mercado brasileiro de milho esquentando, a Europa já demonstra interesse no milho brasileiro. Caso a Ucrânia não retorne com as exportações, haverá um provável “recorde de demanda global de importações”, de acordo com a AgResource Company", observou a Anec no relatório.

Quanto ao trigo, a associação comenta que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê safra 17,6% maior, com total de 9,03 milhões de toneladas, e ressalta que o plantio do cultivo atinge 98,1% da área estimada para o País, de 2,92 milhões de hectares. "O consumo do Brasil ainda é maior que a produção. Atualmente são consumidos cerca de 12,3 milhões de toneladas, sendo necessário a importação para suprir a demanda", lembra a Anec.

Preços - A associação apontou também que os preços internacionais dos grãos já estão sendo afetados pelo retorno das exportações ucranianas de milho e trigo, registrando queda nos últimos dias. "Além disso, com a alta inflação, os bancos centrais vêm elevando os juros. Os acionistas de commodities acabam deslocando seus investimentos pensando em investimentos menos arriscados, o que também afeta os preços. Há evidências de que possa ocorrer uma recessão global no agronegócio no próximo ano, causando uma queda nas principais commodities. O custo de produção (insumos) segue elevado e isso significa que as margens de lucro dos produtores podem diminuir", diz a entidade.

Agosto - A Anec projeta exportações de soja em agosto de 5,102 milhões de toneladas, abaixo dos 7,074 milhões de toneladas enviadas ao exterior em julho deste ano e dos 5,792 milhões de toneladas exportadas em agosto do ano passado. Para o milho, a expectativa é de embarques entre 6,221 milhões de toneladas e 7,200 milhões de toneladas, ante 5,622 milhões de toneladas embarcadas em julho e 4,193 exportadas em agosto de 2021. A entidade prevê ainda exportações de 1,639 milhão de toneladas de farelo de soja - abaixo do total de 2,043 milhões de toneladas estimado para julho, mas acima do 1,279 milhão de toneladas embarcadas em agosto do ano passado. As estimativas foram divulgadas em relatório semanal nesta terça-feira.

Na semana de 24 a 30 de julho, foram exportados 1,375 milhão de toneladas de soja, 465,6 mil toneladas de farelo e 1,423 milhão de toneladas de milho. Para esta semana, de 31 de julho a 6 de agosto, a previsão é de que sejam embarcados para o exterior 1,923 milhão de toneladas de soja, 707,318 mil toneladas de farelo e 1,659 milhão de toneladas de milho. As projeções se baseiam na programação de navios nos portos brasileiros.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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