Agronegócios
04/06/2020 10:05

Defensivos/EUA: Justiça pede revisão de registros de dicamba da Bayer, Basf e Corteva


Nova York, 04/06/2020 - Um tribunal de apelações de São Francisco, nos Estados Unidos, decidiu ontem que a Agência de Proteção Ambiental do país (EPA, na sigla em inglês) deve revisar seu registro de aprovação para uso no país de três defensivos à base de dicamba. O tribunal alega que a agência não reconheceu os riscos associados ao herbicida ao conceder registros condicionais por dois anos para os produtos XtendiMax, da Bayer, FeXapan, da Corteva, e o Engenia, da Basf.

O Tribunal de Apelações do Nono Circuito dos Estados Unidos disse ainda que seria forçado a revogar a decisão de registro dos herbicidas, citando a falta de evidências substanciais para apoiar a decisão da EPA de aprovação. "A EPA subestimou substancialmente os riscos, que reconheceu, e falhou totalmente em reconhecer outros riscos", afirmou o tribunal. O dicamba é geralmente aplicado nas plantações de soja, milho e algodão para controle de ervas daninhas de alta resistência. A EPA é o órgão responsável pela permissão de uso de defensivos agrícolas nos Estados Unidos.

Segundo a decisão do tribunal, os riscos não levados em conta pela agência vão desde a quantidade de herbicida que foi pulverizado em culturas pós-emergentes, as evidências que mostram que os danos causados pelo dicamba foram substancialmente subnotificados e efeitos econômicos anticompetitivos nas indústrias de soja e algodão. A decisão do tribunal foi tomada após um pedido de revisão feito por grupo de organizações ambientais.

Em fevereiro, um tribunal federal de Missouri já havia ordenado que Bayer e Basf pagassem US$ 265 milhões em indenização a um produtor de pêssegos do Estado que alega ter tido a produção prejudicada por deriva do dicamba - utilizado nas propriedades vizinhas à sua.

Empresas - Analistas da corretora norte-americana Bernstein consideram que há expectativa de que a reprovação dos registros do herbicida da Bayer, Basf e da Corteva possa ocorrer entre as próximas quatro a seis semanas. "Vemos riscos de que a proibição no curto prazo das vendas de dicamba leve à perda de receitas e ganhos até que a EPA decida pela reaprovação do dicamba para além de 2020", afirmaram os analistas. "Até então, acreditamos que é provável que a Bayer tenha de conceder indenizações para aplicações exageradas de dicamba", acrescentaram analistas.

Um porta-voz da Bayer disse à Dow Jones Newswires nesta manhã que a empresa "discorda fortemente" da decisão do tribunal e que está avaliando seus próximos passos. "Também aguardaremos orientação da EPA sobre as ações que ela possa tomar em resposta à decisão", disse. "Dependendo das ações da EPA e se a decisão for contestada com sucesso, trabalharemos rapidamente para minimizar qualquer impacto sobre nossos clientes nesta temporada", acrescentou o porta-voz. Às 9h10 (de Brasília), os papéis da Bayer recuavam 1,48% na Bolsa de Frankfurt, sendo negociados a 64,35 euros por ação.

Um porta-voz da BASF disse à Dow Jones Newswires que a empresa "discorda da decisão e está considerando suas opções de resposta", acrescentando que o dicamba é seguro quando usado corretamente. "A decisão pode ter um impacto adverso significativo para os produtores dos EUA que já compraram sementes e produtos á base de dicamba para esta temporada (2020/21, que está sendo plantada)", afirmou. Às 9h10 (de Brasília), as ações papéis da companhia operavam em alta de 1,79% na Bolsa de Frankfurt, sendo negociadas a 56,18 euros.

A Corteva não respondeu aos pedidos de comentários da Dow Jones Newswires. Os papéis da companhia, negociados na Bolsa de Valores de Nova York, encerraram a sessão de ontem em alta de 1,75%, a US$ 28,50 por ação. Fonte: Dow Jones Newswires
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