Agronegócios
17/12/2018 10:35

Perspectiva: investidor acompanha vendas dos EUA para China e clima na América do Sul


São Paulo, 17/12/2018 - Investidores dos mercados futuros de soja, milho e trigo iniciam esta semana na expectativa de que sejam confirmados rumores de compras de soja e milho dos Estados Unidos pela China, em volumes mais expressivos do que registrados de fato até o momento. O clima na América do Sul, especialmente no Brasil, deve ganhar relevância na medida em que o clima seco no País preocupa produtores e já reduz a oferta de soja da safra 2018/19.

Participantes do mercado futuro de soja aguaram eventuais anúncios de novas vendas de soja norte-americana para a China. Nos últimos dias da semana passada, as cotações cederam acompanhando a decepção com o volume oficialmente reportado. Na quinta-feira (13), após dias de rumores sobre possíveis acordos, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou venda de 1,130 milhão de toneladas, número bem distante dos 10 milhões de toneladas esperados por analistas. No dia seguinte, mais uma venda divulgada pelo USDA, de 300 mil toneladas. Na sexta-feira, o vencimento março recuou 6,75 cents (0,73%) e fechou em US$ 9,1375 por bushel na Bolsa de Chicago (CBOT). Na quinta, o vencimento janeiro já tinha perdido 13,00 cents (1,41%), para US$ 9,07 por bushel.

Com relação ao clima no Brasil, o Centro-Sul vive há mais de uma semana dias de clima quente e seco. Corretores já notam um recuo dos vendedores na comercialização antecipada da soja de 2018/19 em razão da estiagem. "O mercado fora do Brasil vai começar a perceber que aquela potencial grande safra pode não se consolidar", comentou Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

No que diz respeito ao milho, o mercado segue atento a sinais de demanda pelo cereal dos EUA, assim como ao comportamento do dólar. Na sexta-feira, os futuros fecharam em leve alta em Chicago, após o USDA ter divulgado relatório informando que exportadores venderam 125 mil toneladas de milho para o Japão, com entrega prevista para o ano comercial 2018/19. Além disso, há relatos de que compradores chineses estão interessados em um grande volume de milho dos EUA. Para alguns participantes, a expectativa de uma compra de 10 milhões a 12 milhões de toneladas de milho é mais realista do que a de uma compra enorme de soja, observou Alan Suderman, da INTL FCStone. O vencimento março do grão subiu 0,50 cent (0,13%) e terminou em US$ 3,8475 por bushel. Os ganhos foram limitados pela alta do dólar no mercado internacional e pelo recuo do petróleo. As oscilações do combustível costumam influenciar os preços de milho porque podem afetar a demanda por etanol, que nos EUA é feito principalmente com o cereal.

Quanto ao trigo,, investidores monitoram dados de oferta e demanda do produto, tanto dos EUA como de outros países produtores. Analistas têm considerado a possibilidade de um aperto da oferta na Rússia e na Argentina, o que poderia levar alguns importadores a redirecionar suas compras para os EUA. Segundo Dan Basse, da AgResource, traders estão esperando para ver se a Rússia vai restringir suas exportações de trigo. Na terça-feira passada, o USDA elevou sua previsão para o estoque final dos EUA da temporada 2018/19, de 949 milhões de bushels (25,83 milhões de toneladas) para 974 milhões de bushels (26,51 milhões de toneladas).

Na última sexta, os futuros de trigo negociados na CBOT fecharam em baixa, pressionados pelo fortalecimento do dólar ante as principais moedas, que diminui a competitividade de commodities produzidas nos EUA. Também pesou sobre os negócios um movimento de realização de lucros. Os preços do cereal tinham subido nas duas sessões anteriores e acumulado ganho de 2,9% no período. Na CBOT, o vencimento março do trigo caiu 6,00 cents (1,12%) e terminou em US$ 5,30 por bushel. Em Kansas City, igual vencimento do trigo duro vermelho de inverno recuou 1,75 cent (0,34%), para US$ 5,1825 por bushel.

Café: contratos caem 1,8% na semana
Os contratos futuros de café arábica apresentaram desvalorização de 1,8% (185 pontos) na semana passada na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), base vencimento março de 2019. As cotações encerraram na sexta-feira (14), a 102,25 centavos de dólar por libra-peso. No período, os contratos marcaram máxima de 107 cents (sexta, dia 7) e mínima de 102,25 cents (quinta, dia 13).

O Escritório Carvalhaes, tradicional corretora de Santos (SP), destaca em boletim semanal Destaca que a Bolsa de Nova York oscilou menos na semana passada, mas fechou a oitava semana seguida com resultado negativo. "O mercado físico brasileiro apresentou volume baixo de negócios, já entrando em ritmo de fim de ano", comenta. Em média houve uma diferença de 20 reais entre as ofertas dos compradores e o preço pedido pelos cafeicultores que colocaram lotes no mercado.

Carvalhaes informa, ainda, que as exportações brasileiras de café em novembro totalizaram 3,68 milhões de sacas de 60 kg, 24,4% mais que o embarcado no mesmo mês de 2017. Chama a atenção que apesar da excelente recuperação no volume exportado, a receita cambial ficou 1% abaixo da de novembro de 2017. O País exportou "24% a mais e recebeu 1% a menos. Esses números explicam o descontentamento dos cafeicultores brasileiros que, além de estarem recebendo menos, assistem seus custos subirem forte com a grande valorização do dólar ante o real. Defensivos, fertilizantes, combustíveis, energia elétrica e fretes tiveram alta significativa em 2018", explica Carvalhaes.

Em novembro, o preço médio da saca de café exportada foi de US$ 131,56 com queda de 20,4% na comparação com novembro de 2017, quando a média ficou em US$ 165,27, evidenciando forte transferência de renda para o exterior.

Açúcar: Mercado deve atentar para movimento de fundos
O mercado do açúcar demerara na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) tem negócios atrelados ao movimento de fundos e especuladores apontado pelo relatório da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês). O avanço das safras no exterior, principalmente da colheita e produção na Índia, também deve definir se esse mercado voltará a ter volatilidade e liquidez perdidas nas últimas semanas.

Além disso, os negócios seguem na dependência de variações do petróleo e do dólar, como na última sessão da semana passada. Com a queda no óleo, o contrato março, de maior liquidez, recuou 10 pontos, ou 0,78%, na sexta-feira, para 12,65 cents por libra-peso. O dólar seguiu praticamente estável, mas fortalecido, e manteve a pressão baixista na commodity.

Relatório da CFTC com posições de fundos e especuladores relativas à terça-feira, 11 de dezembro, apontou que esses agentes tinham saldo vendido de 28.672 lotes, ante 37.682 lotes de posições vendidas de saldo em 4 de dezembro.

(Clarice Couto, Tomas Okuda e Gustavo Porto - clarice.couto@estadao.com, tomas.okuda@estadao.com e gustavo.porto@estadao.com)
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