Agronegócios
29/04/2020 08:57

Abiove/Nassar: impacto da covid-19 é maior em biodiesel


São Paulo, 29/04/2020 - O novo coronavírus afeta a demanda por óleo de soja para alimentação, mas o efeito maior tem sido sobre o biodiesel, disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, em live promovida pela Datagro nesta terça-feira (28). "Boa parte do uso de óleo na alimentação é para food service. (O fechamento deste segmento) trouxe impacto na demanda por óleo comestível, mas a maior questão é o biodiesel", disse Nassar. Ele lembra que a comercialização do biodiesel é bimestral, com vendas feitas em leilão público. "Tivemos queda de demanda ao redor de 15%. A gente esperava vender algo como 1,2 bilhão de litros, e foram vendidos 1 bilhão de litros", disse Nassar. "E distribuidoras têm opção de retirar só 80% do que compraram, então pode haver mais uma queda de 200 milhões de litros." Segundo ele, é um impacto "relevante", embora não tão grande quanto o do setor de etanol durante a pandemia.

Já a demanda internacional por soja é "muito positiva", segundo Nassar. Ele destacou, contudo, que os efeitos da covid-19 e a fase 1 do acordo comercial sino-americano preocupam. Quanto ao novo coronavírus, ele citou a decisão de empresas de evitar pagamento antecipado na safra atual e adotar cautela sobre a próxima safra. "As empresas foram todas para um sistema em que você paga na hora que retira a soja. A covid-19 trouxe preocupações sobre a entrega da soja para a safra 2019/20", apontou. "Para a safra 2020/21, será determinante como esse assunto da covid-19 vai se resolver para as empresas aumentarem ou diminuírem a sua exposição a compra antecipada." Por outro lado, há a questão da negociação comercial entre EUA e China. "A gente está vendo uma demanda muito boa, mas não sabe o que vai acontecer no segundo semestre. Norte-americanos e chineses estão tentando encontrar uma solução para se entender."

Com relação ao farelo, ele destacou que as perspectivas são favoráveis, o que favorece a industrialização da soja, apesar das incertezas sobre o óleo. "Nosso setor de carnes está com desempenho bom lá fora", disse. Para Nassar, o Brasil pode aproveitar o momento atual para se tornar protagonista no mercado internacional quanto à segurança dos alimentos produzidos no País. "Deveríamos começar a fazer propaganda lá fora de que o alimento que exportamos é seguro e somos fornecedores confiáveis", disse.

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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