Agronegócios
03/08/2021 08:35

Agroquímicos: fungicidas protetores crescem pela 6ª safra e movimentam R$ 2,1 bi no País


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 03/08/2021 - O segmento de fungicidas protetores para a soja cresceu pela sexta vez consecutiva na safra 2020/21, apontou o estudo BIP - Business Intelligence Panel Soja, da Spark Inteligência Estratégica. O levantamento da Spark constatou ainda que as vendas totais de agroquímicos para aplicação na soja brasileira foram de R$ 31,36 bilhões no ciclo 2020/21, 17% superiores às da safra anterior (R$ 26,71 bilhões). Os fungicidas foram a categoria mais representativa, com participação de 41% das vendas de agroquímicos para a soja. A receita com fungicidas na oleaginosa totalizou R$ 12,74 bilhões em 2020/21, ante R$ 11,25 bilhões na temporada anterior.

Só os fungicidas protetores movimentaram R$ 2,16 bilhões no País na última safra, desempenho 23% acima do ciclo anterior (R$ 1,75 bilhão). Entre as safras 2018/19 e 2019/20, já haviam avançado 46%. Em 2020/21, eles representaram 17% das vendas totais de fungicidas, atrás dos fungicidas premium (58%) e Stroby mix (19%). Os fungicidas protetores são usados antes do desenvolvimento da doença fúngica na lavoura, têm como característica serem multissítio (agem em diferentes pontos do fungo) e costumam ser aplicados junto com outros fungicidas, como premium ou Stroby mix.

Conforme a Spark, o índice de adoção dos fungicidas protetores pelo agricultor brasileiro aumentou para 71%, ante 68% da safra 2019/20 e 48% na safra 2018/19. Já o número médio de aplicações atingiu 2,1 vezes, alta de 5,6% na comparação anual. A área potencial tratada chegou a 58,9 milhões de hectares, crescimento de 18% ante o período anterior (49,8 milhões de hectares).

A agrônoma e coordenadora de projetos da Spark Inteligência Estratégica, Natalia Piai, disse que o aumento do uso de fungicidas protetores pela sexta safra consecutiva foi puxado pela preocupação do produtor com o manejo de resistência principalmente do fungo causador da ferrugem asiática na soja. A prática de manejo de resistência contempla a aplicação conjunta ou alternada de fungicidas com diferentes modos de ação. "Essa mistura dos protetores com fungicidas que têm mecanismos de ação diferentes faz parte das medidas que podem ser adotadas nesse manejo", afirmou.

Segundo ela, isso minimiza as chances de seleção, entre os organismos, de variáveis resistentes aos fungicidas, que podem passar posteriormente para as próximas gerações. "E aí um fungicida que era efetivo vai perder a sua eficácia com o passar do tempo." A representante lembrou que a ferrugem pode causar danos em até 90% de uma lavoura. "É realmente uma preocupação muito forte na cabeça do produtor." Os protetores auxiliam a preservar a eficácia de outras moléculas de fungicidas, ressaltou Natália.

Para 2021/22, essa tendência de crescimento da utilização deve se manter, puxada por fatores como incremento de área de soja e aumento do uso da tecnologia de fungicidas protetores, seja em maior adoção ou em número de aplicações. "A partir do momento em que produtor adota uma medida no manejo dificilmente vai deixar de usá-la. A tendência é que mais produtores comecem a usar e os que já estão fazendo uso continuem."

Em dólar, o levantamento BIP Spark Soja registrou queda de 13% no faturamento do mercado de agroquímicos para a soja, de US$ 6,778 bilhões na safra 2019/20 para US$ 5,928 bilhões. Conforme a consultoria, o resultado veio atrelado ao impacto cambial negativo, de 26%, nas cotações médias do dólar no período de compra dos produtos: R$ 3,94, no ciclo 2019/20, e R$ 5,29, no 2020/2021.

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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