Por Isadora Duarte
Brasília, 25/04/2024 - O vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, disse que a demanda do setor produtivo para o Plano Safra 2024/25 é fundamentada no aumento dos recursos disponíveis, mesmo em detrimento de juros mais baixos. "A queda da taxa Selic, em três pontos porcentuais em comparação há um ano, contribui com o Plano Safra 2024/25. Temos que trabalhar com dois cenários: juros abaixo de dois dígitos e comprimir a oferta total ou diminuir pouco os juros e alargar a base. Precisamos, com toda certeza, aumentar a oferta de crédito oficial", disse Schreiner em coletiva de imprensa na sede da confederação.
Para o Plano Safra 2024/25, a entidade não elegeu a redução dos juros entre as suas prioridades, o que vinha ocorrendo ano a ano. Isso parte de duas premissas: da avaliação da entidade de que os juros estão caindo, com base na redução da taxa Selic, e de que o crédito privado estará mais restrito aos produtores, em virtude das mudanças recentes feitas nos títulos agrícolas pelo Conselho Monetário Nacional - fatia importante do financiamento do agronegócio. "Temos binômio desfavorável neste ano com baixo preço e quebra de safra, o que leva produtores a certo grau de dificuldade", justificou o vice-presidente da entidade.
A entidade entregou, ontem (24), ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, as propostas da entidade para o próximo Plano Safra. Entre os pleitos, a CNA pede R$ 570 bilhões em recursos financiáveis para a temporada, 31% mais que na temporada passada.
De acordo com Schreiner, além do aumento de crédito oficial, a entidade vê necessidade de linhas de crédito específicas para o pequeno produtor. "A linha de crédito em dólar é bem-vinda, mas o pequeno produtor ainda não tem expertise de fazer hedge em dólar e depende do crédito oficial. Por isso, pedimos R$ 100 bilhões para a agricultura familiar no próximo Plano Safra", acrescentou. As propostas para agricultura familiar serão apresentadas futuramente pela CNA também ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Schreiner defendeu ainda o aumento da subvenção ao seguro rural, para o qual a entidade pede suplementação de R$ 2,1 bilhões neste ano e R$ 4 bilhões para 2025. "A questão do seguro rural precisa ser levada a sério. Talvez seja a nossa pauta principal para o Plano Safra 2024/25. Se tivéssemos um seguro rural fortalecido, não precisaríamos estar renegociando dívidas", afirmou, em referência à conjuntura atual e à prorrogação de investimentos feita pelo governo.
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