Agronegócios
22/10/2021 09:37

Abrava/Chorão: R$ 400 propostos pelo governo não atendem às demandas do caminhoneiros


Por Isadora Duarte

São Paulo, 22/10/2021 - O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, avalia que a medida de auxílio aos caminhoneiros anunciada ontem (21) pelo presidente Jair Bolsonaro não atende às demandas da categoria. "Esses R$ 400 propostos não atendem em nada nossas demandas e não vão aliviar a situação do transportador autônomo. Estamos pedindo dignidade e o cumprimento dos nosso direitos, não R$ 400", disse Chorão ao Broadcast Agro, citando o valor que seria concedido pelo governo aos caminhoneiros, segundo fontes.

Na tarde de ontem, o presidente Bolsonaro anunciou que o governo criará um benefício voltado a 750 mil caminhoneiros autônomos, que receberão uma ajuda para compensar o aumento do diesel. O presidente não forneceu detalhes sobre como será o auxílio nem o valor do benefício e a origem dos recursos. O anúncio foi feito no evento de inauguração do Ramal do Agreste, em Sertânia (PE).

Na avaliação de Chorão, o valor está aquém da elevação dos custos totais para transporte rodoviário de cargas. "Caminhoneiro autônomo não faz nada com R$ 400 com diesel na média de R$ 4,80. O caminhão percorre 2 quilômetros por litro. Esse valor pagaria 83 litros de diesel, o que daria para 160 quilômetros", disse Chorão. Essa distância é menor que um terço da distância percorrida entre Sorriso (MT) e Rondonópolis (MT), de 614 quilômetros - uma das principais rotas agrícolas rodoviárias do País. "Somente com alimentação, o transportador gasta em média R$ 50 por dia na estrada", comentou o presidente da Abrava.

Chorão também ponderou que a medida ainda não foi formalizada, tratando-se no momento de uma promessa do presidente. "Temos que ter cuidado com o que ele fala. Daqui a pouco, chega um ministro e diz que não dá. Precisamos aguardar a formalização para avaliar os impactos", afirmou, mencionando que já há o auxílio emergencial, do qual a categoria é beneficiária, que poderia ser prorrogado.

Segundo o presidente da Abrava, as reivindicações da categoria assim como o atual estado de greve e a paralisação prevista para 1º de novembro estão mantidas. "O que caminhoneiro vai fazer com R$ 400 com o preço de combustível atrelado à paridade de importação? Continuamos cobrando estabilidade dos preços, um fundo de colchão para amenizar volatilidade. R$ 400 não suprem nossas demandas", disse Chorão, que está à frente do movimento da categoria junto com o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) .

Caminhoneiros rodoviários autônomos e celetistas anunciaram estado de greve no último sábado e afirmam que vão paralisar as atividades em 1º de novembro, caso o governo não atenda às reivindicações da categoria. Os pedidos incluem cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário, mudança na política de preço da Petrobras para combustíveis e aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição, entre outros.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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