Agronegócios
24/07/2020 11:29

Gafanhotos/Argentina: condições climáticas limitam deslocamento e podem impedir entrada no Brasil


Por Isadora Duarte

São Paulo, 24/07/2020 - A nuvem de gafanhotos na Argentina está se deslocando em menor velocidade, segundo o Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar do país (Senasa). Ontem à noite, ela permanecia estacionada na cidade de Federación, na província de Entre Rios, a 10 quilômetros da divisa com o Uruguai. "Atualmente, está instalada nesse local e até hoje não registrou novos movimentos devido a fatores climáticos", disse o Senasa, citando que a último deslocamento dos insetos ocorreu às 12h de ontem, na direção leste.

A medição mais recente aponta que a nuvem está cerca de 90 quilômetros da cidade gaúcha de Barra do Quaraí - divisa com a Argentina. Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), enquanto a mudança de direção do vento de norte para sul favorece a migração dos insetos no sentido para o Brasil, o tempo mais ameno na região pode frear a aproximação com o País. A Somar Meteorologia informa em boletim diário que uma frente fria avança pelo Rio Grande do Sul hoje, provocando chuvas. Para o fim de semana, a empresa prevê continuidade das precipitações com queda da temperaturas e condição para geada em alguns pontos do Estado.

Entre quarta-feira e ontem, a nuvem de gafanhotos se movimentou, cerca de 4 quilômetros, em virtude da mudança climática na região, com tempo quente e seco. O trecho percorrido é considerado positivo, já que o aglomerado vinha se deslocando em torno de 10 quilômetros por dia. De domingo passado até quarta-feira, a nuvem percorreu 40 quilômetros. A expectativa é de que os insetos remanescentes permaneçam na área, já que a chuva e as temperaturas mais baixas, previstas para esta sexta-feira, devem inibir o voo do aglomerado. O Ministério da Agricultura salienta que a temperatura é um fator que não pode ser considerado de forma isolada, devendo ser levado em conta um conjunto de alterações climáticas (temperatura x umidade x direção/velocidade dos ventos).

Conforme levantamento do Senasa, pulverizações terrestre e áreas de inseticidas na região já reduziram o tamanho da nuvem em 33%. Hoje, o aglomerado ocupa área de aproximadamente 10 km², ante 15 km², e tem cerca de 300 milhões de insetos, 100 milhões a menos de quando entrou no território argentino. O monitoramento do trajeto prossegue nesta sexta-feira e os técnicos realizam nova tentativa de pulverização aérea de inseticidas, após aplicação frustrada ontem, em virtude do tempo nublado na região. Ontem, os técnicos realizaram pulverização terrestre de defensivos agrícolas, que neste caso tem menor alcance do que a aplicação aérea.

A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul afirmou que continua monitorando a movimentação dos insetos, enquanto houver risco de entrada no território brasileiro, e que 70 aeronaves agrícolas estão prontas para atuar no combate, caso cheguem ao Estado. A secretaria considera, juntamente com técnicos dos países vizinhos, iniciar a aplicação de inseticidas até mesmo antes da presença dos gafanhotos, o que inibiria a aproximação. A pasta deve publicar nesta sexta-feira uma portaria estabelecendo o Plano Estadual de Controle de Gafanhotos, que é complementar à portaria do Ministério da Agricultura sobre o combate dos insetos.

Uma segunda nuvem de insetos permanece no norte da Argentina e se deslocou da província de Formosa para Chaco, em curso semelhante à direção tomada pelo primeiro aglomerado. Entretanto, técnicos do Senasa ainda não identificaram a sua localização exata e as buscas pelo aglomerado prosseguem nesta sexta-feira. O Paraguai ainda tem uma outra nuvem de gafanhotos (um total de três é monitorado pelos países da América do Sul),localizada no Departamento Central do Chaco, em Boquerón, e continua se deslocando para o sul do país, próximo à divisa com o norte da Argentina, cerca de 200 quilômetros, segundo o Serviço Nacional de Saúde e Segurança Vegetal do Paraguai (Senave). De acordo com fiscais agropecuários brasileiros, esta nuvem está cerca de 600 quilômetros distante da fronteira com o Brasil.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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