Agronegócios
25/03/2021 08:28

Hamburg Süd: após falta de contêineres, embarques de carnes deverão se normalizar até fim do mês


Por Vinicius Neder

Rio, 25/03/2021 - A Hamburg Süd, transportadora marítima integrante do grupo dinamarquês A.P. Moller-Maersk, espera a normalização do fluxo de embarques de carne do Brasil até o fim deste mês, embora os desequilíbrios gerais causados pela covid-19 nos serviços logísticos do comércio exterior mundial ainda estejam longe de terminar. No início do ano, a falta de contêineres refrigerados, essenciais para a exportação de carne in natura, atrapalhou os fluxos de vendas dos frigoríficos brasileiros para o exterior.

Segundo José Salgado, diretor executivo comercial da Hamburg Süd no Brasil, até o fim de fevereiro a empresa deixou de entregar 5% do volume total de exportações refrigeradas com o qual se comprometeu em contratos. A expectativa, até o fim deste mês, é carregar toda a carga prevista, regularizando o fluxo, disse o executivo.

Ainda assim, haverá efeitos, especialmente sobre as exportações de frutas, e demandas de última hora deixarão de ser atendidas. Historicamente, o transporte marítimo em contêineres refrigerados tem picos de fluxo no segundo trimestre, explicou Mariana Lara, diretora de vendas Hamburg Süd.

Esses equipamentos são muito demandados para o transporte de carnes e de frutas. Por um lado, as exportações de carnes, lideradas pelo Brasil, não enfrentam muita sazonalidade, com embarques constantes ao longo do ano. Já as frutas obedecem safras anuais - e o período de abril a junho é marcado pela safra de frutas em diversas regiões do mundo.

Diante da forte demanda da Ásia, com destaque para a China, a Hamburg Süd tem priorizado o transporte das carnes do Brasil, em detrimento das movimentações de frutas, tanto de produtores brasileiros quanto da África do Sul. A transportadora abriu mão, por exemplo, de fechar contrato para transportar as exportações de maçã de Santa Catarina. Também deixou de fechar contratos para transportar ovos. “Tínhamos expectativa de participação forte na safra de maçã brasileira e recuamos”, afirmou Lara.

O desequilíbrio na disponibilidade de contêineres refrigerados no início do ano se insere num contexto de desorganização dos fluxos comerciais globais, por causa da pandemia. Nos primeiros meses de 2020, restrições ao comércio e ao transporte e a queda na demanda paralisaram navios mundo afora. No segundo semestre, a demanda por bens voltou mais rapidamente do que o esperado, levando a uma corrida pelos serviços de transportes, que provocou falta de contêineres e navios.

Segundo Salgado, o auge dos desequilíbrios nos contêineres refrigerados, no caso da Hamburg Süd, foi no fim de fevereiro, mas a situação foi estabilizada após ações da empresa. As medidas incluíram fazer uma busca ativa por contêineres, evitar descartar contêineres antigos cuja vida útil pudesse ser ampliada com manutenção e alugar navios adicionais. Nesse trabalho, a Hamburg Süd procurou não priorizar clientes nem setores, disse o executivo, tentando atender a todos proporcionalmente à demanda anterior.

Por outro lado, mesmo com a estabilização dos desequilíbrios do fim de fevereiro, os efeitos da desorganização dos fluxos do comércio global por causa da pandemia seguem atuando em 2021, reconheceu Salgado.

Essa desorganização fez o preço do frete marítimo explodir no fim de 2020. Embora esteja otimista e veja uma “luz no fim do túnel” para a crise causada pela covid-19, o diretor da Hamburg Süd não vê, num “futuro próximo”, uma redução no custo do frete em contêineres. Ainda assim, com a vacinação avançando, o “viés é de melhoria” ao longo de 2021. Com base em dados de mercado, a Hamburg Süd espera crescimento de 5% no fluxo de comércio global - somando exportações e importações - neste ano.

Contato: vinicius.neder@estadao.com
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