Agronegócios
29/06/2021 08:39

Agricultura/Glauco Bertoldo: Brasil não deve ter dificuldade para atender novo padrão chinês para soja


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 29/06/2021 - O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Glauco Bertoldo, disse que o Brasil não deve ter dificuldades para atender ao novo padrão chinês para a compra de soja. Segundo disse ele em evento virtual, realizado ontem (28), o Brasil foi notificado no fim de fevereiro de que a China está propondo um padrão para a soja que substituirá o anterior, utilizado desde 2009. "Entendemos que a norma chinesa é menos rigorosa do que a anterior para alguns parâmetros de qualidade, então não seria um mercado que teríamos dificuldade de continuar atendendo", disse. Bertoldo participou do painel Novo padrão chinês da soja e consequências para o Brasil no CBSoja GoLive, plataforma digital de lançamento do IX Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja) e do Mercosoja, que ocorrerão em 2022.

Paralelamente, segundo ele, o padrão brasileiro, de 2007, também começa a ser rediscutido. "Neste momento em que nós estamos discutindo um padrão nacional, ver essa discussão do padrão China é interessante, porque é o nosso maior mercado consumidor e podemos trabalhar em nosso padrão aqui visando a uma situação de transição o mais suave e mais tranquila possível para continuar atendendo (à China) e exportando cada vez mais", afirmou.

Segundo Bertoldo, a proposta chinesa traz algumas diferenças que podem influenciar a classificação da soja. Na questão dos grãos perfeitos - o que se poderia entender como aqueles que não possuem defeitos -, a norma vigente indica que se trata de "grãos perfeitos e normais" enquanto a nova sugere que seriam "grãos integrais com coloração normal". "Aqui no Brasil não temos uma definição para grãos perfeitos, só para grãos que sofreram alguns problemas, que têm alguma avaria", explicou.

Nos padrões de qualidade, a soja com menos de 75% de grãos perfeitos não tinha uma classificação e agora ela entra como "fora de tipo". "E na questão dos grãos danificados vemos que houve algum abrandamento da tolerância", disse Bertoldo.

Após a China comunicar a mudança da norma, os demais países se manifestaram na Organização Mundial do Comércio (OMC), enviando questionamentos. No caso do Brasil, segundo o representante, a principal dúvida é como a regulamentação vai ser implementada, a fim de avaliar se será necessária adequação. Uma das questões que preocupa é a da umidade. Atualmente, o limite no Brasil é 14%, enquanto na China é de 13%. É possível que o país asiático aplique o porcentual de umidade para a soja que importa, o que hoje não ocorre. "Entendemos que essa é uma questão que vamos ter que fazer corpo a corpo para tentar a melhor decisão possível para o país", afirmou o representante do Ministério da Agricultura.

Segundo Bertoldo, só quando o Brasil receber da China respostas sobre as perguntas que fez no âmbito da OMC, a nova norma poderá ser avaliada. Em entrevista coletiva, ele esclareceu que não há alterações em termos de nível de proteína e gordura exigidos.

A definição de grãos perfeitos foi uma das perguntas feitas pelo Brasil à China no âmbito da OMC. "O que estão descritos são os defeitos, ardidos, avariados, picada de insetos, então tem todos esses defeitos. E nós entendemos que tudo que não é produto com defeito é um grão apto à utilização, que pode ter um consumo normal e corrente", afirmou. Conforme Bertoldo, não há uma previsão de quando a China vai responder na OMC nem quando entrará em vigor a nova norma chinesa.

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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