Por Augusto Decker
São Paulo, 19/01/2021 - O diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Eduardo Daher, disse que surpreendeu o reajuste do frete rodoviário, anunciado hoje, mas que o efeito sobre os custos do agronegócio devem ser limitados. "Sempre que há algum movimento como esse, as pessoas procuram ferramentas. Grandes traders e exportadores, depois da primeira greve dos caminhoneiros, criaram frotas próprias", disse ele ao Broadcast Agro. "Cosan, Cargill, entre outras, todos vão buscando soluções."
Na avaliação de Daher, preços do frete não devem ser fixados por tabelas mas pela oferta e demanda. Ele lembrou que a discussão sobre o tabelamento do frete está parada há meses no Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora Daher considere menor a possibilidade de uma greve dos caminhoneiros antes da entrada da safra nacional de grãos - a categoria cogitava uma paralisação antes do reajuste de hoje -, ele diz que este não seria o momento devido à pandemia da covid-19. "Imagine uma paralisação quando se movimentam milhões de vacinas no país e milhões de ambulâncias para salvar vidas", afirmou. "É um absoluto despropósito qualquer movimento de paralisação de transporte num momento como este."
Nesta terça-feira, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou no Diário Oficial da União (DOU) uma nova tabela com preços mínimos de frete rodoviário. De acordo com a agência reguladora, as alterações vão resultar em um aumento médio que varia de 2,34% a 2,51%, conforme o tipo de carga e operação. O reajuste considera o IPCA, inflação oficial do País, e a atualização do preço do diesel.
Nos últimos dias, entidades de caminhoneiros vinham discutindo uma possível paralisação a partir de 1º de fevereiro. Eles discutem uma pauta que vai desde manifestações contra o projeto BR do Mar (que incentiva a navegação pela costa brasileira) ao piso mínimo do frete e reclamações contra a política de preços de combustíveis.
