Ribeirão Preto, 20/4/2018 - O governo brasileiro adotará um caminho errado caso recorra à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia (UE) em represália à decisão do bloco econômico de suspender a compra de carne de frango de 20 unidades frigoríficas do País. A opinião é do vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e ex-secretário de Produção e Comércio do Ministério da Agricultura, Pedro Camargo Neto. Em entrevista ao Broadcast Agro Ao Vivo, ele lembrou que barreiras da UE às carnes brasileiras ocorrem há tempos e que um painel na OMC poderia ter sido proposto há pelo menos três anos.
"Eu discordo totalmente dessa estratégia. Há motivos para entrar na OMC, para as restrições contra aves, boi e suínos", disse. "No boi, a cota é uma maluquice, com várias exigências, com regras diferenciadas para Estados Unidos e Argentina; suínos nem são exportados e, no frango, o Brasil aceitou (uma tarifa) pra carne com pitada de sal e não contestou. Essa decisão deveria ter ocorrido há três anos", disse.
Camargo Neto classificou o Ministério da Agricultura, apesar de tecnicamente muito bom, como "historicamente muito lento" para dar respostas sobre questões sanitárias aos mercados internacionais de proteína animal. Segundo ele, "é inaceitável" que as três principais secretarias que cuidam desse tema, Executiva, Relações Internacionais do Agronegócio e Defesa Agropecuária, "tenham idiossincrasias diferentes".
O vice-presidente da SRB afirmou que a BRF, pivô de toda a crise com do setor de frangos e entre UE e Brasil tem um "problema grave de gestão e não admite isso". Camargo Neto, no entanto, entende que um possível painel contra os europeus na OMC não prejudicará a negociação entre o Mercosul e a UE. "Essa negociação tem anos, está em patamar acima, envolve também Argentina, Paraguai e Uruguai. Mas o tumulto não ajuda e fortalece todos que trabalham contra", concluiu.
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