Agronegócios
19/05/2021 17:19

Conectividade: agricultura apresenta estudo da Esalq com estratégias para aumentar cobertura no campo


Por Tânia Rabello

São Paulo, 19/05/2021 - O Ministério da Agricultura apresentou nesta tarde, em live, o estudo "Cenários e perspectivas da conectividade para o agro", elaborado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), que mapeia a situação atual da conectividade rural no País e aponta soluções e custos. Segundo a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, presente ao evento online, o estudo "mostra tudo o que o agro precisa em termos de conexão".

Para o diretor de Inovação do Ministério da Agricultura, Cleber Soares, a deficiência de conectividade no campo ainda é imensa. "O Brasil tem em média apenas 23% de cobertura de conectividade na área rural, utilizando-se do modelo 4G, 3G ou 2G", relatou, acrescentando que, com base neste dado, a pasta firmou parceria com a Esalq para elaborar o estudo.

Para a expansão da conectividade na área rural, o documento apresenta dois cenários possíveis, a serem realizados num prazo de até quatro anos: "Para nós dobrarmos essa cobertura atual para algo em torno de 48% a 50% seria necessária a instalação de mais 4.400 antenas ou torres (de celular) no País em dois anos", diz Soares. Já no segundo cenário, no qual se pretende alcançar entre 89% e 90% de cobertura, 15.182 novas antenas teriam de ser instaladas num prazo de quatro anos, levando-se em conta a atual capacidade de instalação desses equipamentos no País. "Isso nos mostra o desafio em termos de inovação da agricultura digital", disse Soares.

O diretor de Inovação só vê vantagens no avanço dessa infraestrutura no campo. "Se conseguirmos uma cobertura de 89% nos próximos quatro anos teremos um impacto positivo no valor bruto da produção agropecuária (VBP agro) de 10%, ou R$ 102 bilhões, levando-se em conta a projeção do Ministério da Agricultura do VBP para 2021, de R$ 1,057 trilhão, só pelo provimento de maior conectividade." Já em dois anos, o avanço do VBP poderia chegar a 4,5%, ou R$ 47 bilhões. "Fora o que ele influenciará o agro brasileiro em termos de produção, renda, agilidade, etc."

Soares comenta também que o estudo - que estará disponível na íntegra no site do Ministério da Agricultura - baliza as necessidades de telecomunicações para os vários tipos de produtores rurais no País - pequenos, médios e grandes. Desta forma, a região coberta utilizaria as tecnologias de torre, satélite ou fibra ótica, a depender da situação e do tamanho das propriedades rurais.

O secretário de Inovação do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo, comentou que o levantamento da Esalq/USP também será um "orientador para a iniciativa privada promover seus investimentos". "Será um balizador importante." Ele lembrou que importante parte da tecnologia 5G será impulsionada no Brasil pelo Estado, mas boa parte também pela iniciativa privada.

Um forte impulsionador da maior conectividade no campo serão os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), recentemente aprovado pelo Congresso, lembrou o ministro das Comunicações, Fábio Faria (que também participou da live). "Com certeza vamos trabalhar juntos para que esses recursos existentes do Fust venham para o que interessa", mencionou Faria. O Fust, porém, ainda pode passar por contingenciamento de verbas e assim a totalidade de recursos destinados ao fundo não ser aplicada.

Para o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Vitor Menezes, o próximo passo agora é estruturar um conselho gestor no Fust, que inclusive terá participação do Ministério da Agricultura, dada a importância do tema conectividade no campo. "Neste fundo, teremos três modalidades de aplicação de recursos - reembolsáveis (por meio de crédito rural e com recursos do próprio Fust); não reembolsáveis (a fundo perdido) e um fundo de garantia (no qual o Fust será usado como garantidor para modelos de empréstimo", cita.

Menezes também citou, sobre a tecnologia 5G stand alone, que há alguns projetos-piloto em andamento no País. Por meio desta tecnologia, o 5G funciona sem depender da infraestrutura já instalada do 4G. Ele disse que há projetos em andamento no Distrito Federal, em Londrina (PR), Uberaba (MG), Ponta Porã (MS), Rio Verde (GO), Petrolina (PE) e Bebedouro (SP). "Estamos focando também em rodovias federais, o que poderá, em alguns anos, viabilizar a operação de caminhões autônomos nas estradas", comentou Menezes. Atualmente, seis rodovias federais estão sendo testadas com tecnologia de fibra ótica, com instalação do 4G em locais que ainda não dispõem da tecnologia.

Contato: tania.rabello@estadao.com
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