Por Leticia Pakulski
São Paulo, 17/08/2020 - Caminhoneiros que seguiriam pela BR-163 rumo ao Pará estão sendo orientados pela Polícia Rodoviária Federal em Mato Grosso a aguardar nos municípios mato-grossenses de Matupá ou Guarantã do Norte devido ao bloqueio na rodovia em Novo Progresso, no Pará. Um grupo de 170 indígenas caiapós bloqueia desde as 7h desta segunda-feira a BR-163 no Pará, na altura de Novo Progresso. A via é uma das principais de escoamento de cargas de soja e milho do Centro-Oeste para os portos do Arco Norte.
“Embora o bloqueio ocorra no Estado do Pará, ele trará consequências imediatas para o fluxo da BR-163 também no Estado de Mato Grosso”, disse, em vídeo, o chefe da 6ª Delegacia da PRF em Mato Grosso, Leonardo Ramos. “A 6ª delegacia da PRF recomenda que as pessoas que tenham viagem marcada para Santarém, Novo Progresso, Miritituba e Itaituba (PA) procurem aguardar o desenrolar do problema antes de retomar a viagem, de forma a evitar estarem em filas ou locais onde eventualmente possa haver restrições relativas à alimentação, à comunicação, à segurança e também ao conforto e bem-estar.”
Segundo informações enviadas pelo chefe da 5ª delegacia da PRF de Santarém, Sidmar de Oliveira, e um dos responsáveis pelo gabinete de crise instalado para acompanhar o caso, o congestionamento chegou a 3 quilômetros em ambos os lados da rodovia e não há desvios. A previsão inicial é de liberação do bloqueio em dois dias. Conforme a PRF, só estão passando neste momento pelo trecho veículos da Segurança Pública e de urgência e emergência.
Em vídeo, os indígenas reivindicam a presença do governador do Estado, Helder Barbalho (MDB), e afirmam que, sem a presença dele, não há previsão para liberarem a via. Os manifestantes também pedem a presença de dirigentes da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), dos ministérios da Saúde e Infraestrutura e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A representante da Funai em Novo Progresso (PA), Josiane Batista dos Reis, se reuniu com as lideranças caiapós, o cacique Bepronti e Doto Takaire, e a PRF também está no local negociando a liberação da rodovia.
O Instituto Kahu,associação do povo Kayapó-Mekrãgnotí, com sede em Novo Progresso e representante de 12 aldeias caiapós, reivindica, em carta direcionada ao governador e à procuradora da República Thaís Santi Carvalho da Silva, melhorias no hospital de Novo Progresso e melhor qualidade de atendimento de saúde. "Já perdemos 4 anciãos que foram infectados com a covid-19", disse o vice-presidente do instituto, Mydjere Kayapo Mekragnotire, que assina a carta. "Queremos um hospital que atenda não somente os indígenas, mas a população em geral." Os indígenas também ergueram uma faixa em defesa da Amazônia e dizendo que não aceitarão a concessão da Ferrogrão sem que o governo os ouça sobre o tema.
Segundo informações da PRF, Walter Joner, o Waltão, representante dos caminhoneiros na região, disse que os condutores estão cientes da manifestação e que dará apoio aos motoristas que pararam no local da interdição. "Muitos caminhoneiros já ficaram em localidades vizinhas ao bloqueio, onde tem o mínimo de infraestrutura como banheiros e alimentação", aponta a nota.
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