Agronegócios
18/10/2021 08:39

Trigo: na Argentina cereal OGM só será comercializado com autorização do Brasil


Por Isadora Duarte

São Paulo, 185/10/2021 - O trigo transgênico autorizado para cultivo na Argentina só será comercializado no país se o Brasil, principal comprador do grão, autorizar o uso, disse o Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina. A informação foi repassada em uma carta enviada à Câmara da Indústria Oleaginosa da República Argentina e ao Centro de Exportadores de Cereais (Ciara-CEC), assinada pelo secretário de Alimentação, Bioeconomia e Desenvolvimento Regional, Marcelo Alós.

O cultivo da variedade geneticamente modificada (OGM) HB4 foi permitido em outubro do ano passado pelo país. Na carta, a pasta reitera que foram regulamentados aspectos relacionados à produção do cereal, mas a comercialização não está liberada. "Na atual temporada, a empresa requerente continua com seus testes de adaptação da tecnologia HB4 aos diferentes ambientes, de acordo com as normas vigentes", afirmou o ministério.

A pasta disse também que o Instituto Nacional de Sementes (Inase) é responsável pelo controle do cereal geneticamente modificado a fim de não ser misturado com o livre de transgenia e que a empresa detentora do cultivo, a Bioceres, está cumprindo as normas. Entre os mecanismos e controle, o ministério cita a declaração do total do trigo ser colhido; a disponibilidade de informações georreferenciadas dos locais, a forma e as quantidades armazenadas , a segurança do cereal armazenado; e a destruição das quantidades restantes de trigo colhido que não são armazenadas como semente. Estes mecanismos regulatórios serão publicados por meio de ato administrativo no Diário Oficial da Argentina, segundo o ministério. "Ratificando a proibição de comercialização e os cuidados necessários ao cumprimento", apontou o secretário na carta.

Impactos - O setor exportador argentino teme possíveis restrições nos negócios com o Brasil em virtude da comercialização do trigo transgênico não ser permitida no País e de ser rejeitada pela indústria moageira brasileira. O ministério argentino estima que 50 mil hectares com o cultivar OGM foram plantados na safra 2021/22 do país, o que deve render produção de cerca de 200 mil toneladas. O Brasil é o principal comprador do cereal argentino, com participação de 46% nas exportações do país na temporada 2020/21. Ontem, em um evento do setor, o presidente do Ciara-Cec disse que "dar garantias ao Brasil sobre trigo transgênico é prioridade da indústria de trigo argentina".

No Brasil, a liberação comercial de trigo e farinha transgênicos para consumo humano e animal é discutida pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). A Comissão está em processo confidencial de avaliação da permissão da comercialização do trigo OGM da variedade HB4 para "aumento de produtividade em situações e ambientes de baixa disponibilidade hídrica e resistente ao (herbicida) glufosinato, para uso exclusivo em alimentos, rações ou produtos derivados ou processados". O pedido foi feito pela Tropical Melhoramento & Genética (TMG), que representa neste processo a empresa argentina de biotecnologia Bioceres, detentora do cultivar.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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