São Paulo, 17/11/2021 - Algumas das principais regiões produtoras de laranja do País têm apresentado elevada incidência de greening, a mais preocupante doença da citricultura mundial atualmente, de acordo com levantamento anual realizado pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).
Nas regiões de Limeira, Brotas, Porto Ferreira, Avaré e Duartina, que concentram 51% das laranjeiras da principal área produtora do mundo, a doença causa prejuízos à produção e exige ação conjunta firme dos citricultores, diz o Fundecitrus, em comunicado.
Enquanto a média no parque citrícola é 22,37%, em Limeira a doença já afeta 61,75% das plantas; em Brotas, 50,40%; e em Porto Ferreira, 37,84%. Nas regiões de Avaré e Duartina, ao sudoeste do Estado, as incidências são consideradas altas, 29,41% e 26,15%, respectivamente.
A forte presença da doença se reflete em danos à produção e prejuízo aos citricultores: das cerca de 8,5 milhões de plantas eliminadas em 2020 por causa do greening em todo o parque, 92% estavam nessas cinco regiões. Outros impactos negativos são a redução da produção em virtude da queda prematura de frutos e a piora da sua qualidade.
O pesquisador do Fundecitrus, Renato Bassanezi, disse na nota que "em locais que possuem baixos índices de greening, a participação da doença na taxa queda de frutas é inferior a 2%”. “No entanto, nessas regiões, a doença já tem uma participação muito significativa, tendo sido responsável por 46,7% da queda de frutos em Limeira, 39% em Brotas, 30,4% em Porto Ferreira, 24,3% em Duartina e 7,8% em Avaré”, detalhou.
O mais preocupante é que altas incidências de greening também dificultam o controle em pomares jovens, que representam a continuidade da cultura - parte significativa das laranjeiras com até cinco anos plantadas nessas regiões já estão doentes: 32% em Limeira, 27,9% em Brotas, 18,7% em Porto Ferreira, 11,6% em Avaré e 6,1% em Duartina, enquanto nas demais regiões do cinturão a porcentagem não ultrapassa os 10%.
O pesquisador explica que as plantas jovens são mais suscetíveis a novas infecções por brotarem frequentemente e que quando há muitas plantas adultas doentes e controle insuficiente do psilídeo (inseto vetor do greening) fica mais difícil evitar que a doença avance para os plantios Novos.
“A situação fica ainda mais grave, no entanto, pela grande quantidade de plantas jovens presente nessas cinco regiões: elas concentram 50,8% dos pomares com até cinco anos”, apontou Bassanezi. “Nas regiões ou em locais com alta incidência, o sucesso da renovação dos pomares e seu futuro estão em risco se não forem adotadas todas as medidas de manejo”, afirmou.
Prevenção - Para mudar o cenário, o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, chama atenção para a necessidade de intensificar as ações de manejo, dentro e ao redor das propriedades. Internamente, aumentar o rigor no controle do psilídeo e na eliminação de plantas doentes, pois, como não há cura para as árvores contaminadas, a manutenção aumenta a dependência pelo controle químico do inseto vetor.
Nas proximidades, é necessário adotar também maior rigor na substituição de plantas de citros e murtas em quintais e a eliminação de pomares mal manejados ou abandonados - quando isso não for possível, realizar o controle do psilídeo.
“O momento é preocupante e requer uma tomada de decisão radical do setor para reverter a situação. A única alternativa é que os citricultores adotem o manejo de forma integrada e com extremo rigor”, destacou Ayres.