Agronegócios
06/01/2020 11:24

INTL FCStone/Fabio Rezende: com impacto em petróleo, tensão Irã-EUA influencia mais etanol e açúcar


Por: Leticia Pakulski

São Paulo, 03/01/2020 - O acirramento das tensões entre Estados Unidos e Irã tem impacto altista no preço do petróleo e, entre as agrícolas, pode sustentar cotações de açúcar e etanol, avalia o analista de mercado de petróleo e derivados da INTL FCStone, Fabio Rezende. Segundo o analista, uma possível retaliação do Irã ao ataque norte-americano que matou o general iraniano Qassim Suleimani pode afetar a oferta global de petróleo. "Se eles decidirem, por exemplo, fechar o Estreito de Ormuz (zona crítica para o abastecimento de petróleo), como já ameaçaram no passado, isso teria impacto na oferta mundial de petróleo. E, no momento em que se fala em alta de petróleo, tem consequência para outras commodities", assinala. O Irã já ameaçou em diversas ocasiões fechar o Estreito de Ormuz contra sanções internacionais impostas ao país devido ao seu programa nuclear.

O efeito maior entre as agrícolas seria no açúcar e etanol, já que o fortalecimento do petróleo melhora a competitividade relativa do etanol ante a gasolina. "Provavelmente haverá um reajuste da gasolina no Brasil, e isso tende a ter um impacto positivo no etanol e também no açúcar, porque as usinas vão para um mix mais alcooleiro se a paridade entre etanol e gasolina estiver mais favorável." Para outras commodities, o efeito é indireto, mas existe, segundo o analista, já que custos como fertilizantes e frete são influenciados pelo desempenho do petróleo.

No que tange às exportações do Brasil, Rezende lembra que o País vende para o Irã principalmente milho, carne bovina, soja e açúcar e que produtos alimentícios ou médicos estão fora das sanções internacionais ao Irã. "A ONU provavelmente não aprovaria sanções que incluíssem esses produtos", afirma Rezende. Contudo, ele reconhece que penalizações mais agressivas relacionadas ao sistema bancário e ao acesso a combustíveis podem dificultar o fluxo comercial. "Não vejo mais grandes mudanças, a não ser que a situação piore demais." Na avaliação do analista, uma escalada rápida nas tensões não interessa a nenhum dos dois lados, mas tudo vai depender de como será a reação do Irã. "O que o Irã quer é que os EUA sentem à mesa de negociação para voltar a falar sobre acordo nuclear e eliminar as sanções."

Para Rezende, o efeito do pessimismo nos mercados sobre as commodities tende a ser temporário. "É um impacto mais de curto prazo. Conforme a poeira for baixando, a tendência é de uma normalização", diz. "Provavelmente haverá um tempo até o Irã decidir sobre o próximo passo e nesse intervalo podemos ter um arrefecimento do sentimento de aversão ao risco e os mercados podem voltar à tendência até então majoritariamente positiva por conta da assinatura da fase 1 do acordo entre EUA e China."

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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