Por Isadora Duarte*
Curitiba, 29/05/2024 - A Organização das Cooperativas Paranaenses (Ocepar) vai estruturar um programa para certificação ambiental dos 215 mil produtores cooperados no Paraná. A iniciativa foi anunciada pelo presidente da Ocepar, José Roberto Ricken, ontem (28), na abertura do Summit "Produção Responsável de Alimentos Sustentáveis pelas Cooperativas Paranaenses", organizado pela Ocepar, em Curitiba. "Temos responsabilidade de vender cada vez mais produtos com sustentabilidade. Hoje o desafio é certificar ambientalmente o que fazemos. A nossa proposta é mostrar o que fazemos e certificar aquilo que está sendo feito de boas práticas", disse Ricken.
O programa de certificação das propriedades rurais será desenvolvido em parceria com as cooperativas do Estado e lançado em 1º de julho, segundo Ricken. A ideia é valorizar as ações de sustentabilidade feitas pelos produtores integrados. "Não vamos esperar que ONG internacional venha aqui fazer isso. Queremos certificar as propriedades demonstrando o que já temos de assistência técnica com 3,7 mil profissionais no campo e no atendimento dos requisitos legais ambientais e trabalhistas", comentou. Segundo ele, já há metodologia, rastreabilidade e boas práticas de conservação de solos, bem estar animal, gestão da propriedade e compromisso com as comunidades.
Ricken destacou que outro desafio do setor cooperativista no ano é a reforma tributária. "A forma que veio não nos interessa", pontuou.
As cooperativas paranaenses devem investir R$ 7 bilhões neste ano ante R$ 6,4 bilhões em 2023. No ano passado, elas faturaram juntas R$ 202 bilhões. "Hoje o cenário é mais desafiador com preços em estabilidade", observou.
Além do programa de certificação das propriedades, o governo do Paraná planeja estruturar um programa de compensação a produtores rurais com boas práticas agropecuárias. "Queremos a possibilidade de poder colocar recursos no CPF do agricultor para compensá-lo pelas boas práticas agrícolas em um sistema estruturado de compensação", disse o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado, Natalino Avance de Souza, durante painel no Summit, organizado pela Ocepar. Ele não detalhou qual será a verba disponível para a iniciativa.
Souza citou o projeto de lei que institui o Programa Estadual de Segurança Hídrica na Agricultura, enviado pelo governo à Assembleia Legislativa.
O programa dispõe sobre os usos da água em mananciais públicos e sobre a redução da escassez de recursos hídricos disponíveis para a população e para o setor produtivo. O projeto também prevê adotar tecnologia de proteção, recuperação e conservação dos recursos naturais e estabelece subvenção econômica a agricultores familiares. "A lei da disponibilidade hídrica vai permitir ao produtor compensar comprovadamente se preserva volume maior que necessário", comentou o secretário.
O secretário de Agricultura do Paraná afirmou que há uma dinâmica atual no Estado, de substituição das práticas conservacionistas pela aceleração da agricultura. "Já fomos referência mundial em plantio direto", criticou Souza.
*A jornalista viajou a convite da Ocepar
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