Agronegócios
17/01/2024 08:56

Câmbio: dólar pode hesitar com juro misto de Treasuries após dados da Europa e China e de BCE


Por Silvana Rocha

São Paulo, 17/01/2024 - O dólar pode subir no mercado local diante da persistente aversão a risco no exterior, mas uma queda eventual frente ao real não é descartada, após a moeda americana subir pelo segundo dia seguido ontem, aos R$ 4,9256 no mercado à vista. Os juros dos Treasuries perderam força e ficaram mistos nesta manhã, enquanto o dólar desacelera alta ante a pares rivais e divisas emergentes e ligadas a commodities, após dados de inflação europeia que impulsionaram a libra, enquanto o euro reduziu perdas ante o dólar em meio a repercussões de indicadores de inflação europeia e preocupações renovadas sobre a esperada trajetória de queda dos juros nos EUA e Europa na esteira também de comentários de dirigentes dos bancos centrais.

A queda de mais de 2% do petróleo nesta manhã, diante da percepção de que os conflitos geopolíticos no Oriente Médio não estão afetando a oferta, e o novo recuo de 0,75% do minério de ferro em Dalian, na China, podem favorecer ainda uma demanda cambial defensiva. Investidores aguardam o relatório mensal de petróleo da Opep (9h45).

Em Davos, na Suíça, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse nesta quarta-feira que o BCE provavelmente cortará juros durante o verão da Europa, que começa em meados de junho. Em entrevista à Bloomberg, Lagarde ressaltou, porém, que ainda não é possível declarar vitória no combate à inflação, embora os preços ao consumidor estejam no caminho certo para voltar à meta oficial de 2%. Na mesma linha, o integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE) e presidente do BC francês, François Villeroy de Galhau disse hoje em comissão no Senado Francês que é prematuro dizer em que momento de 2024 o BCE começará a cortar juros porque a decisão irá se basear em dados econômicos. O também membro do conselho do BCE, Klaas Knot criticou hoje a precificação do mercado de um relaxamento agressivo na zona do euro a partir deste ano. Para ele, muito ainda precisa acontecer para que seja possível iniciar os cortes de juros, devido à persistência de pressões inflacionárias subjacentes e riscos de alta para os preços.

Há expectativas ainda por discursos de três dirigentes do Federal Reserve ao longo do dia, além de dados de varejo (10h30) e produção industrial dos EUA (11h15) em dezembro e pelo Livro Bege do Fed sobre as condições da economia americana (16h).

Na agenda local, as atenções se voltam na abertura aos dados de vendas do varejo restrito e ampliado em novembro no Brasil (9h). Mais cedo, o Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) subiu 0,42% em janeiro, após a alta de 0,62% em dezembro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma alta de 0,30% a 0,63%, com mediana positiva de 0,46%. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,33% na segunda quadrissemana de janeiro, repetindo a variação da primeira quadrissemana deste mês.

Os investidores vão ficar de olho ainda nas discussões no governo sobre a reoneração da folha de pagamentos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ontem que deve se reunir com o presidente Lula hoje para tratar da reoneração, mas na agenda presidencial oficial e do ministro não consta a reunião. Haddad classificou o encontro que terá com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nesta quinta-feira, como importante para qualquer tomada de decisão, após já ter se reunido com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A Coluna do Estadão apurou que Lira foi pego de surpresa, ontem, com a informação de que teria uma reunião com Haddad e, por meio de interlocutores, enviou recados de que quer conversar, desde que o ministro apresente proposta concreta à MP. Haddad afirmou ainda que Pacheco tem a intenção de reunir a equipe econômica e os líderes do Congresso já na primeira semana de retorno, em 5 de fevereiro, após o recesso parlamentar. A expectativa é de que neste primeiro semestre do ano avancem os projetos de lei que regulamentam a reforma tributária aprovada no fim do ano passado e propostas que criam regras para o uso da inteligência artificial, às vésperas das eleições para prefeitos e vereadores

Ontem, o dólar à vista encerrou com alta de 1,22%, a R$ 4,9256. O dólar futuro para fevereiro fechou a R$ 4,9350, em alta de 1,46%.

Contato: silvana.rocha@estadao.com
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