Agronegócios
19/06/2017 10:02

Haitong/Serrano: percepção é de que retomada da atividade está demorando mais do que o esperado


São Paulo, 19/06/2017 - O corte na estimativa de PIB, apresentado há pouco no Relatório Focus, para este e o próximo ano reflete a percepção de que a retomada econômica está demorando mais tempo do que o antecipado pelos agentes do mercado financeiro, afirmou ao Broadcast o economista-sênior do Haitong, Flávio Serrano. No documento, divulgado nesta manhã pelo Banco Central, a mediana das projeções de PIB para 2017 foi reduzida de 0,41%, há uma semana, para 0,40%. Já para o ano que vem, a estimativa foi de 2,30% para 2,20%.

"É importante lembrar que o desempenho do primeiro trimestre foi sustentado, em grande parte, pelo agronegócio. Agora, esse efeito tende a ficar cada vez menor. Ao mesmo tempo, indústria e serviços não têm evoluído tão bem quanto o esperado", explicou o economista. Ele lembra ainda os efeitos da crise política para explicar o corte mais forte na projeção para 2018.

"O impacto causado pela crise sobre o andamento das reformas pode ser mais observado na expectativa de atividade do ano que vem e dos próximos, já que os efeitos das reformas são mais de médio e longo prazo", comentou Serrano, apontando que, há um mês, a projeção do PIB de 2018 no Focus era de 2,50%.

Ainda assim, a redução das expectativas de crescimento econômico em 2017 reflete mais a percepção dos agentes do que resultados em si, comentou. "A crise política eclodiu no meio de maio, então ainda não temos muitos indicadores posteriores ao acontecimento. Os números que temos de abril mostram que, talvez, a desaceleração não seja tão intensa quanto achamos", ponderou Serrano. Na semana passada, o IBC-Br de abril apontou alta de 0,28%, com crescimento acumulado de 1,45% no trimestre encerrado em abril ante o trimestre anterior (novembro a janeiro).

A expectativa de atividade menos aquecida, diz o economista, repercute também sobre as projeções de inflação. "A retomada mais lenta também produz uma inflação mais baixa", afirma. No Focus, a projeção do IPCA em 2017 ficou em 3,64%, de 3,71% no relatório anterior, enquanto a estimativa para 2018 foi de 4,37% para 4,33%. (Caio Rinaldi - caio.rinaldi@estadao.com)
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