Agronegócios
29/04/2021 11:03

Algodão: preços seguem sustentados com demanda de fábricas e menor disponibilidade


Srs. Assinantes, retransmitimos notícia publicada ontem (28), às 19h49


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 28/04/2021 - Os preços do algodão no mercado disponível tiveram leve recuo nesta quarta-feira após uma sequência de nove altas, mas o indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, segue sustentado acima dos R$ 5/lb. O indicador fechou esta quarta-feira a R$ 5,1881/lb, queda de 0,05% ante o dia anterior, mas ainda acumula ganho de 7,89% no mês. A reabertura do comércio em vários locais do País, que levou indústrias têxteis de volta às compras, e a oferta restrita na entressafra ajudam a sustentar os preços.

"O volume dos embarques ao exterior ainda está alto, as indústrias no período de bloqueio paulista em geral se retraíram, acabaram consumindo estoques, e aí teve um efeito manada de todo mundo voltar ao mercado ao mesmo tempo", disse o corretor Rodrigo Augusto do Carmo, da União Corretora. "Produtor tem pouca disponibilidade de algodão de qualidade e está apresentando poucos lotes. É um mercado com mais demanda do que oferta."

As exportações de algodão somam 144,682 mil toneladas no acumulado das quatro primeiras semanas de abril, já ultrapassando os 90,561 mil toneladas de abril do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. A receita no período atinge US$ 245,89 milhões, contra US$ 141,36 milhões em igual mês de 2020.

Em relatório, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) disse que os preços do algodão subiram com certa intensidade no mercado interno, passando a operar acima dos R$ 5/lb, patamar que era observado no começo de março. "Ou seja, os valores atuais recuperaram as perdas observadas entre a segunda quinzena de março e os primeiros dias de abril, período que, vale lembrar, foram pressionados pela menor demanda, tendo em vista as incertezas geradas pelas novas restrições de circulação e pelo fechamento do comércio", disse o Cepea.

Segundo os pesquisadores, o impulso vem da posição firme de vendedores, que buscam preços maiores. "Esses agentes estão atentos às elevações dos valores internacionais da pluma, ao clima seco no Brasil, que pode prejudicar o desenvolvimento da nova temporada, principalmente do algodão de segunda safra, e à semeadura nos Estados Unidos", assinalou o Cepea. Os pesquisadores apontaram ainda que compradores com necessidade imediata precisam ceder para conseguir realizar novas aquisições.

O mercado tem liquidez, segundo Carmo, no Esalq do dia, atualmente em torno de R$ 5,19/lb. Mesmo para algodão de qualidade inferior, vendedores não estão aceitando deságio. Por outro lado, ainda há fábricas à procura de algodão. "Como não tem oferta, se estão procurando, por exemplo, 500 toneladas, fecham 81 num dia", disse. "Tem gente que precisa comprar para maio e ainda não conseguiu."

Para o agente, o mercado tende a continuar firme com a perspectiva de retomada da economia com o avanço da vacinação, exportações aceleradas, indústrias repondo estoques e produtores capitalizados. "Não tem nem espaço nem timing para se pensar em importação de algodão, e estamos com um câmbio que também não permite isso. Produtor está capitalizado, com as contas pagas, e provavelmente veremos algodão da safra nova em maior volume só em agosto", disse. "Tem ainda 90 dias. Produtor tem muito tempo para escolher o período ideal para se desfazer do saldo que possui." Apesar da queda de hoje, os futuros em Nova York seguem acima de 89 cents/lb no contrato julho, embora o dólar venha recuando no Brasil.

Para a safra 2021/22, foram reportados negócios entre R$ 4,95 e R$ 5 por libra-peso posto em fábricas de São Paulo e Santa Catarina, só que pontuais. "Como atrasou a janela de plantio, vai atrasar um pouco a colheita. Quem está precisando comprar não consegue fazê-lo abaixo desses níveis", disse o agente. Quanto à negociação antecipada para 2021/22, compradores sinalizavam 300 a 400 pontos acima do vencimento dezembro do ano que vem FOB no Porto de Santos. Produtores, contudo, desejavam 450 a 500 pontos acima do mesmo contrato, patamar em que chegaram a sair acordos na semana passada. "Ainda são poucos os negócios efetivos, porque os custos de produção subiram."

Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa nesta quarta-feira. Traders embolsaram lucros após o mercado ter subido nas três sessões anteriores e acumulado valorização de 6,2% no período. O vencimento julho recuou 190 pontos (2,08%), para 89,52 cents por libra-peso. Nas últimas sessões, os ganhos vinham sendo sustentados pelo clima desfavorável em importantes regiões de cultivo dos Estados Unidos.
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