Agronegócios
25/01/2021 08:29

EUA: alta dos preços de grãos estimula recuperação no setor agrícola


São Paulo, 25/01/2021 - Um excesso de oferta que afetou agricultores norte-americanos nos últimos anos está diminuindo, levando a uma recuperação inesperada no cinturão agrícola dos Estados Unidos após uma recessão de anos no setor. Os preços de milho, soja e trigo atingiram seus níveis mais altos em mais de seis anos recentemente, refletindo o clima seco e a forte demanda chinesa.

Os preços mais altos de commodities estão contribuindo para um forte aumento da renda agrícola e melhorando a perspectiva para vários negócios do setor, como tradings de grãos, fabricantes de equipamentos e fornecedores de fertilizantes.

Ao mesmo tempo, a recuperação do setor de grãos está aumentando os custos e pressionando as margens de lucro de fabricantes de alimentos e biocombustíveis, que absorvem grandes quantidades de milho e soja dos EUA. Provavelmente, também vai resultar em aumento dos preços de alimentos para consumidores, dizem alguns executivos da indústria.

Esse quadro representa uma reversão dramática em relação aos últimos anos, quando colheitas abundantes aumentaram a oferta de grãos nos EUA, empurrando os preços para baixo e diminuindo a renda dos agricultores. Uma onda de falências em fazendas do Meio-Oeste, disputas comerciais e a pandemia de covid-19 se somaram aos desafios enfrentados pelos produtores.

Agora, o esforço da China para aumentar a produção de carne suína e cumprir os recentes compromissos comerciais está impulsionando as vendas externas dos EUA. Processadores e fabricantes norte-americanos de alimentos também estão correndo para garantir suprimentos adequados de grãos e oleaginosas para atender à crescente demanda dos consumidores. Os estoques de milho, soja e trigo estão caminhando para atingir o menor nível em pelo menos seis anos, de acordo com estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

"Há euforia com os preços (de grãos)", disse o produtor David Brown, de Illinois. "Há um sentimento que diz 'estamos de volta'."

Grandes safras ou uma desaceleração dos embarques para a China podem esfriar o rali de preços, embora analistas do setor digam que os preços podem continuar elevados por até dois anos, até que os estoques domésticos atinjam níveis confortáveis.

Os preços mais altos, combinados com a ajuda federal recorde do governo Trump, levaram a renda dos agricultores no ano passado para o seu maior nível desde 2013, mesmo depois que a pandemia afetou o setor agrícola. Essa renda é estimada em US$ 119 bilhões em 2020, a segunda maior já registrada em termos nominais, disse o USDA.

Os agricultores, estimulados pela recuperação dos preços, podem semear nesta primavera (do Hemisfério Norte) a maior área desde 2014, dizem alguns economistas e analistas.

As empresas em toda a cadeia de suprimentos podem se beneficiar, já que os agricultores que adiaram compras buscam novos tratores ou sementes de maior rendimento. Essa movimentação pode aumentar os lucros de fabricantes de equipamentos agrícolas como a Deere e fornecedores de sementes e pesticidas como a Corteva.

"Os agricultores vão fazer ofertas por terras cultiváveis, substituir colheitadeiras e discutir maneiras de colocar outros 10 bushels por acre em seus silos", disse o economista Michael Swanson, da Wells Fargo, um importante credor agrícola.

A alta dos preços de commodities já está elevando o valor das terras agrícolas, de acordo com agricultores, credores e administradores de terras.

A crescente demanda global também está mudando a sorte de gigantes como Archer Daniels Midland (ADM) e Bunge, que comercializam e processam grãos. Ambas as empresas citaram exportações mais fortes como um fator por trás do aumento dos lucros no outono passado.

Essa reviravolta, no entanto, representa custos mais altos para outros. Criadores de gado e granjas comerciais podem ver neste ano um salto de 27% nos preços dos grãos, o principal custo na criação de animais, disse Will Sawyer, economista do credor agrícola CoBank. Isso também vai elevar os custos de processadoras de carne dos EUA, como Tyson Foods e Pilgrim's Pride.

As usinas de etanol do país, que sofreram forte queda na demanda durante a pandemia, agora enfrentam uma alta nos preços do milho, sua principal matéria-prima. Fonte: Dow Jones Newswires.
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