Por Isadora Duarte
São Paulo, 26/08/2021 - A inflação dos alimentos deve desacelerar no ano que vem, mas não diminuir, segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo de Castro Souza Júnior. "Mesmo que não haja nova alta nos preços dos alimentos e das commodities, enquanto estiverem em patamar elevado, não deve haver grande variação (para baixo) no ano que vem", afirmou Souza Júnior, durante coletiva de imprensa para comentar sobre as "Perspectivas para a Agropecuária na Safra 2021/22" da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). As projeções da Conab apontam para sustentação, próximo aos níveis atuais, dos preços de soja e milho.
Na avaliação do pesquisador, essa inflação firme dos alimentos tende a resultar em menor poder de compra do consumidor, especialmente os de baixa renda. "Já a recuperação econômica com melhora do mercado de trabalho poderia melhorar a circulação de renda e o poder de compra", avaliou Souza Júnior.
A perspectiva de recuperação econômica também foi apontada pelo pesquisador como fator de impulso para o consumo de carne bovina no País em 2022. "Vimos no ano passado, em virtude questões econômicas, a redução no consumo de carne bovina. Agora, com a expectativa de recuperação da economia e do mercado de trabalho no segundo semestre deste ano, é possível haver aumento no consumo de proteína bovina no ano que vem", pontuou. Esse incremento no consumo deve puxar também a produção. Contudo, o volume produzido no País tende a continuar abaixo do reportado antes da pandemia de covid-19, já que os custos de confinamento e alimentação animal tendem a continuar elevados.
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