Economia & Mercados
29/11/2022 16:34

Especial: Empresas preparam-se para leilão de transmissão, de olho em 2023



Foto: Marcelo Min/Estadão

Por Luciana Collet, Ludmylla Rocha e Wilian Miron

São Paulo, 28/11/2022 - As empresas de energia que atuam no segmento de transmissão elétrica preparam-se para disputar o próximo leilão de projetos promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O certame, marcado para 16 de dezembro, oferecerá seis lotes de empreendimentos, com um total de 710 quilômetros (kms) de linhas de transmissão e 3.650 mega-volt-ampéres (MVA) em capacidade de transformação de subestações, localizados em nove estados, o que deve exigir R$ 3,5 bilhões em investimento. Empresas como Alupar, CPFL, Engie, Isa Cteep, Taesa já declararam publicamente que estão estudando os projetos.

Já Neoenergia admitiu que não vai disputar lotes no próximo leilão. Poupará a energia de seu time para a análise dos empreendimentos que serão ofertados em 2023, quando devem ir a mercado grandes projetos, com linhas de transmissão de altíssima tensão, além dos lotes com características similares às que tradicionalmente são ofertadas. E mesmo as empresas que vão para o próximo certame, indicaram estarem bastante atentas aos leilões seguintes.

Com R$ 14,5 bilhões em projetos de transmissão a realizar e alavancagem atual de 3,13 vezes dívida líquida/Ebitda, a Neoenergia busca atualmente um parceiro financeiro para apoiá-la em seu plano de crescimento no setor. Mas o presidente Eduardo Capelastegui afastou qualquer relação entre a definição de um sócio e a participação na próxima disputa. "Não vou ser mais agressivo ou menos agressivo em junho porque eu venda ou não um ativo", disse. "Se não conseguir vender nada, continuaremos analisando, não tem que relacionar as coisas", completou.

Já a Engie Brasil Energia, com uma alavancagem de 2 vezes e que pode chegar a 3 vezes sem comprometer sua nota de crédito, avalia com atenção os lotes do próximo leilão. Segundo Eduardo Sattamini, o corpo técnico da empresa tem se debruçado sobre os ativos que serão licitados e dialogado com fornecedores de equipamentos para formular as estratégias para o certame. "Estamos fazendo a avaliação geral e devemos escolher em breve [quais ativos interessam]", disse.

A CPFL é outra que está definindo quais lotes vai disputar. O presidente da companhia, Gustavo Estrella, admitiu, porém, que a maior expectativa da companhia está com os projetos previstos para serem ofertados ao mercado em 2023. "O racional da compra da CEEE-T é habilitar mais ainda a companhia para entrar nesse mercado de transmissão, a gente trouxe muito conhecimento técnico vindo da CPFL Transmissão [novo nome da empresa] e isso é muito positivo, e se sente cada vez mais preparado pra participar desses leilões", disse, referindo-se à aquisição feita em 2021.

A Taesa também reiterou que vai participar do leilão. Sem revelar quais lotes efetivamente a empresa pretende disputar, ele salientou que dos seis lotes, dois são mais representativos, com investimentos projetados em mais de R$ 1 bilhão, enquanto os demais envolvem custos entre R$ 200 milhões e R$ 400 milhões. O diretor de Negócios e Gestão de Participações da companhia, Fábio Fernandes, lembrou que a companhia opera dezenas de concessões de transmissão, localizadas em diferentes partes do País, por isso tem boa condição de obter sinergias em diferentes projetos, e busca eficiência por meio de soluções criativas. "Nos colocamos [no leilão] de maneira confortável, obedecendo alocação de capital que garanta retorno condizente com risco percebido", disse.

Já a Isa Cteep revelou particular interesse pelo lote 5 do leilão, que faz parte das instalações de Garabi I e II, com 2.200 megawatts (MW), e trata da continuidade da prestação do serviço público de transmissão existentes e a revitalização dos sistemas de controle e de teleproteção das conversoras. O ativo é estratégico porque faz a interligação do Sistema Interligado Nacional (SIN) com a rede elétrica da Agentina, por onde é realizado o intercâmbio elétrico."Estamos avaliando porque é uma oportunidade de cada vez mais termos troca energética entre os países", disse o diretor-presidente da empresa, Rui Chammas.

Competição

Estrella, da CPFL, reiterou preocupação com o nível de competição dos leilões, que espreme o retorno dos projetos para níveis que, na visão do executivo, não fazem sentido. "Vamos lá entender se há mudança nesse cenário", comentou. Ele lembrou que há novo cenário de custo e de construção de linhas de transmissão, com aumento das despesas com commodities e mão de obra, e escassez de equipamentos. "Nossa expectativa é quando isso vira preço em um leilão", comentou.

Para o diretor financeiro da Alupar, José Luiz de Godoy Pereira, o leilão do mês que vem já deve mostrar retornos mais realistas do que nos certames anteriores. "É muito difícil dizer se o nível de competitividade vai continuar tão grande ou se pode diminuir. Eu diria que a tendência é de pelo menos os retornos serem mais realistas porque você teve uma série de impactos aí, como taxa de juros, então eu acho que isso deveria ser levado em consideração pelas empresas", disse.

Contato: energia@estadao.com
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