Economia & Mercados
15/03/2021 09:22

Novo CEO quer XP como "maior fintech do mundo" e maior empresa financeira do Brasil


Por Cynthia Decloedt

São Paulo, 15/03/2021 - Em carta enviada ontem à noite aos funcionários, o novo presidente da XP, Thiago Maffra, olhou para longe. Após uma longa introdução com sua história pessoal e conquistas de sonhos - um dos mantras do fundador da companhia, Guilherme Benchimol - Maffra disse que todos estão construindo "a maior e melhor fintech do mundo", e que está certo de que a XP será a maior empresa financeira do Brasil nos próximos anos. Ele reforçou o discurso de avanço da companhia sobre segmentos que hoje são dominados pelos grandes bancos.

Para isso, a missão, de acordo com ele, será a de intensificar a transformação do mercado financeiro em favor dos clientes. "O nosso grande desafio será fazer isso de forma diferente, por meio de uma transformação digital, em um modelo no qual produto, design, operações e tecnologia passam a estar totalmente integrados, olhando a jornada do cliente do início ao fim", afirmou.

Maffra tocou em um ponto abordado por Benchimol no lançamento do cartão de crédito da XP, na semana passada: o de intensificar o avanço sobre as receitas dos bancos. Ele cita que a XP tem apenas 1% da receita total de R$ 770 bilhões do sistema financeiro do País e que, nesse sentido, "não descansaremos enquanto não tivermos transformado o mercado financeiro completamente". No lançamento do cartão, Benchimol foi mais enfático, citando a necessidade de que esse elevado montante de receitas do sistema seja "destruído", já que é, na visão dele, fruto da concentração bancária e das elevadas despesas dos clientes com serviços financeiros.

Maffra foi apresentado pela primeira vez ao mercado no ano passado, durante a divulgação do balanço da XP do terceiro trimestre, pelo diretor financeiro da companhia, Bruno Constantino. Foi uma guinada no discurso de expansão da empresa, que mudou o foco dos temas relacionados aos agentes autônomos para o da tecnologia.

Com cinco anos de casa, Maffra escalou sua carreira dentro da XP nos últimos três, liderando a estratégia e o desenvolvimento da plataforma de serviços financeiros baseados em tecnologia, e a transformação da cultura corporativa na mesma direção. Em entrevista ao Broadcast em dezembro, enfatizou que se tratava não somente de criar produtos, mas de uma mudança de postura.

"Percebemos que tínhamos um modelo ultrapassado, e que para ser líder e dominar o ecossistema do mercado financeiro no Brasil precisávamos não apenas ter tecnologia, mas mudar a estrutura organizacional e a forma de lidar com ela", disse. Na mesma conversa, o novo CEO da XP já apontava a direção em que pretende levar a companhia: ser reconhecida como a melhor empresa de tecnologia brasileira com inovações em outras áreas além do mundo dos investimentos.

A inteligência de dados é, aparentemente, o próximo "pulo do gato" da plataforma. Do último ano para cá, Maffra concentrou quase metade dos 3,8 mil funcionários da XP sob seu comando, graças a milhares de contratações feitas nos setores de tecnologia. O foco agora é amadurecer o que já feito na nova estrutura, em que a jornada do cliente é construída dentro dos 80 squads (grupos de trabalho) da área de tecnologia da XP, hoje dividida em quatro grandes áreas: engenharia, software, design e operações. A maior parte das contratações deste ano deve ser de profissionais de dados.

Maffra assume uma empresa parruda, próxima dos 3 milhões de clientes, com R$ 660 bilhões em ativos sob custódia em dezembro e que viu seu lucro líquido dobrar no ano passado, para R$ 2,27 bilhões. Além disso, ele chega ao posto de CEO em um momento de avanço da empresa nos serviços bancários.

O banco digital da XP está quase pronto para operar. Em meados de 2021, a conta digital da plataforma será lançada e, posteriormente, virá o cartão de débito. O cartão de crédito foi lançado na semana passada. A pretensão não é a de ser um banco tradicional, e sim de criar um ecossistema para os clientes da plataforma de investimento, com produtos e serviços sempre baseados na lógica do investidor. O funcionamento do cartão de crédito é um exemplo da investida.

A XP, aliás, quer ser grande e a primeira em tudo. Também no banco de investimento, a companhia aposta estar em breve no topo do ranking dos maiores, após a aquisição, em dezembro do ano passado, da Riza, o que trouxe à empresa o sócio Marco Gonçalves, com larga experiência em fusões e aquisições. Com esse movimento, a XP firmou o tripé de negócios dos bancos do segmento, estabelecendo espaço nos mercados de estruturação de operações de mercado para empresas de renda fixa e variável.

Contato: cynthia.decloedt@estadao.com
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