Por Fernanda Nunes e Denise Luna
Rio, 10/02/2022 - A queda na produção de petróleo e gás natural da Petrobras, no quarto trimestre do ano passado foi motivada não apenas por paradas para manutenção no pré-sal, mas também pela venda de campos produtores, segundo o pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) e do Núcleo de Pesquisa Desenvolvimento, Trabalho e Ambiente (DTA), da UFRJ, Mahatma Ramos.
No período de outubro a dezembro de 2021, a extração total foi de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), retração de 4,5% ante o trimestre anterior. Em 2020, quando a produção foi também de 2,7 milhões de boe/d, a queda foi de 2,2%, comparado a 2020.
"Essa queda está, em boa medida, relacionada aos desinvestimentos concluídos em 2020 e 2021, quando a companhia se desfez de uma série de campos, sobretudo na Região Nordeste do País. A venda desses ativos, somadas ao declínio natural de produção de alguns campos de petróleo, também devem ter ocasionado a diminuição nos volumes totais de produção", afirmou Ramos.
A Petrobras, em seu relatório de produção e venda, divulgado ontem, afirmou que "paradas programadas em plataformas com elevada produção e do início da vigência do acordo de coparticipação de Búzios, fatores parcialmente compensados pelo ramp-up do FPSO Carioca. Esses fatores também explicaram a variação da produção nos campos do pré-sal, que alcançou 1,6 milhão de bpd (barris por dia) no trimestre, 4,3% inferior ao terceiro trimestre".
O analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, assim como o pesquisador do Ineep, também avalia que é preciso "considerar que alguns campos foram alienados e que a empresa tende a compensar estes volumes mais à frente com aumento de produção do pré sal".
Outro destaque do relatório da Petrobras foi o crescimento da produção e venda de derivados de petróleo. Segundo o pesquisador do Ineep e do DTA da UFRJ, o volume dos produtos comercializados no mercado interno aumentou 8,6% em 2021, comparado a 2020. Em sua opinião, o motivo principal seria a recuperação da economia, que deve crescer em torno de 4% neste ano.
As vendas de óleo diesel cresceram 16,6% em 2021, ante 2020, e as de gasolina, 19,2%. Os dois produtos representaram juntos pouco mais de dois terços (67%) do volume comercializado pela Petrobras no ano passado, de acordo com Ramos. "O aumento do volume de vendas de derivados só foi possível em virtude do crescimento de 1,3% da produção dos derivados e do expressivo aumento das importações, que alcançou 66,8% no mesmo período", disse ele.
Ramos avaliou ainda que o crescimento da circulação de pessoas e mercadorias beneficiou o consumo de derivados. A estatal, no relatório, destacou também o avanço da gasolina sobre o mercado de etanol, cujo preço se recuperou no ano passado.
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