Por Luciana Collet
São Paulo, 06/02/2024 - As chuvas abaixo da média histórica na maior parte do País ao longo de janeiro - e a perspectiva de que este cenário se mantenha nos próximos meses -, a demanda elevada por eletricidade e as oscilações no "preço horário" da energia em momentos de pico de consumo impulsionaram as operações de compra e venda de energia no mercado livre. A BBCE (Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia), que possui a principal plataforma de negociação de energia do Brasil, registrou em janeiro um volume recorde de energia negociada de 65.742 gigawatts-hora (GWh), mais que o dobro que o negociado em dezembro passado ou no mesmo mês de 2023. Em termos financeiros, foram movimentados R$ 7 bilhões, montante 144% maior em relação ao contabilizado um ano antes.
A forte negociação de energia significa uma reversão do ritmo de "calmaria" dos negócios observado ao longo de 2023. No ano passado, o elevado volume de água nos reservatórios das hidrelétricas e o baixo crescimento do consumo levaram os preços da energia a se manter perto do piso regulatório durante quase todo o ano, limitando a volatilidade e os negócios na plataforma.
De acordo com o presidente da BBCE, Alexandre Thorpe, o mercado passou a antever uma elevação nos preços da energia para o futuro, o que trouxe de volta a volatilidade para o mercado. Conforme mostrou o Broadcast Energia, a expectativa de precipitações abaixo da média nos primeiros meses do ano, justamente durante o chamado período úmido, quando sazonalmente se espera uma forte elevação dos níveis dos reservatórios, levou a um aumento superior a 20% dos preços da energia para 2025 em um mês.
Segundo Thorpe, tanto a negociação dos ativos mensais quanto dos mais alongados seguiram tendência de alta, mas as operações com contratos de prazo acima de um mês se destacaram. “Em janeiro deste ano, 89,9% das operações foram com vencimento superior a um mês, o que difere dos 78,8% registrados ao longo de 2023”, diz.
Pregão histórico
Além de registrar recorde mensal, a BBCE também obteve em janeiro o maior pregão da história. No último dia 26, foram transacionadas 1.989 GWh, que superam em mais de 100% o último recorde diário, ocorrido dia 18 desse mesmo mês. “Vale destacar que essa data era uma emenda de feriado municipal em São Paulo, cidade que reúne grande parte das comercializadoras do Brasil”, ressalta Thorpe.
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